Cristina Kirchner, em coletiva em Buenos Aires
Reuters/ Marcos Brindicci 8.12.2017
Após a Justiça da Argentina pedir a prisão de Cristina Kirchner, a ex-presidente acusou o atual chefe de Estado, Mauricio Macri, de executar "manobras de perseguição inédita contra a oposição em tempos democráticos".
Em coletiva no Congresso Nacional nesta quinta-feira (7), Cristina afirmou que a acusação de traição à pátria feita contra ela é um insulto à inteligência dos argentinos e "viola o Estado de direito".
Ontem, o juiz Claudio Bonadio ordenou o indiciamento, suspensão de imunidade parlamentar e detenção da ex-presidente no caso sobre um suposto pacto secreto com o Irã.
"Macri é o diretor da orquestra e, neste caso, Bonadio executou a partitura judicial", disse Cristina, ressaltando que "Macri sabe que é uma causa inventada e que não há crime. Buscam provocar dano pessoal e político aos opositores, contra suas trajetórias. Não tem nenhuma relação com a realidade".
Além disso, a atual senadora chamou a medida do juiz de "desvario judicial". "Tudo é um despropósito, um verdadeiro excesso. É uma causa inventada sobre fatos que não existiram. Não há causa, não há delito, não há motivo", disse. Segundo ela, o caso envolve um ato de política externa não judicial que passou pela aprovação do Parlamento argentino. Cristina negou qualquer tipo de acordo secreto com o Irã e insistiu em afirmar que o memorando de entendimento selado com o país buscou esclarecer o ataque à AMIA.
O caso, aberto após a denúncia realizada pelo promotor Alberto Nisman em janeiro de 2015 contra Cristina, dias antes de ele ser encontrado morto em seu apartamento em estranhas circunstâncias, investiga se o memorando assinado entre Argentina e Irã em 2013 tinha como objetivo acobertar, em troca de promover a relação comercial bilateral, os suspeitos iranianos de terem cometido o atentado contra a associação israelita AMIA em Buenos Aires, que deixou 85 mortos e continua impune.