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A falta de preparo do trabalhador brasileiro e o estigma associado aos cursos profissionalizantes — que faz com que muitos jovens ainda prefiram optar pela universidade do que pela escola técnica — criaram sérios problemas para as empresas no País na busca por mão de obra.
A partir de pesquisas e da opinião de especialistas, a BBC Brasil identificou dez áreas em que há escassez de profissionais capacitados. Confira quais são elas nas fotos a seguir
Veja dicas para se dar bem em uma entrevista de emprego (clique para assistir ao vídeo)Montagem/R7
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Uma pesquisa da empresa de recrutamento ManpowerGroup, divulgada no mês passado, mostrou que a taxa de escassez de talentos (ou mão de obra qualificada) no Brasil é de 63%, quase o dobro da média mundial (36%). Na sondagem foram ouvidos mais de 37 mil empregadores de 42 países e territórios.
Outro levantamento, da FDC (Fundação Dom Cabral), em São Paulo, publicado em abril deste ano, diz que nove em cada dez empresas brasileiras apresentam dificuldades em preencher seus quadros
Acesse o R7 Empregos e encontre sua grande oportunidadeGetty Images
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O levantamento da Fundação Dom Cabral dá ideia do impacto da escassez de profissionais qualificados no mercado de trabalho. Em uma análise por área, a produção/chão de fábrica continua sendo a mais difícil de encontrar trabalhadores capacitados (47,3% das empresas consultadas). A pesquisa também revela que as funções técnica e operacional são as posições de qualificação mais precária (50,62%).
Fonte: Getty Images
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Operário
Quanto ganham? Até R$ 1.500.
Por que estão em falta? A redução da pobreza e o ganho de renda permitiram ao trabalhador de produção/chão de fábrica estudar e buscar profissões de melhor remuneração. Cada vez menos pessoas, portanto, querem se dedicar ao trabalho braçal. Também faltam profissionais capacitadosGetty Images
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Técnico
Quanto ganham? Entre R$ 2.000 e R$ 5.000.
Por que estão em falta? A escassez desse tipo de profissional se concentra nas áreas de edificação, eletricidade e automação. O crescimento na oferta de cursos de ensino superior privados contribuiu para aumentar a sangria no ensino profissionalizante, já que cada vez mais jovens preferem um diploma universitário ao certificado de um curso técnico. Entre 2003 e 2012, o número de matrículas só no ensino superior praticamente dobrou, passando de 3,8 milhões para cerca de 7 milhões, a maioria na rede privada
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Motorista
Quanto ganham? Até R$ 2.000.
Por que estão em falta? Tal como os operários, muitos decidiram deixar a profissão em busca de carreiras com melhor remuneração, aproveitando-se para isso do crescimento econômico dos últimos anos, que criou uma classe média até então inexistente. Também faltam condutores capacitados, aptos a usarem novas tecnologias e a dirigirem veículos especializadosGetty Images
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As companhias citam a escassez de profissionais capacitados (83,23%) e a deficiência na formação básica (58,08%) como os principais entraves para assinar carteiras. O estudo foi realizado com base em dados fornecidos por 167 empresas de diferentes setores que, juntas, respondem por 23% do PIB (Produto Interno Bruto)
Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas
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Secretárias e assistentes
Quanto ganham? De R$ 1.500 a R$ 2.500.
Por que estão em falta? Em muitos casos, a profissão exige apenas nível médio, o que não interessa a jovens que aspiram a um diploma universitário. Os que já estavam na carreira também optaram por deixá-la, à medida que passaram a ingressar em cursos de nível superior de áreas próximas às que trabalhavam. Também faltam profissionais capacitados dado que a carreira requer conhecimentos antes inexistentes, como fluência em língua estrangeiraGetty Images/Montagem R7
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Recursos humanos
Quanto ganham? De R$ 6.000 a R$ 10 mil.
Por que estão em falta? A necessidade de reestruturação das empresas, especialmente em um momento de esfriamento da atividade econômica no País, aumenta a exigência sobre os Recursos Humanos, setor responsável por reformular a base de talentos das empresas. Há uma demanda maior, portanto, por profissionais da áreaGetty Images
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Sem saída, as empresas acabam abrindo mão de exigências como experiência, pós-graduação e fluência no inglês para contratar. Além disso, oferecem pacotes de benefícios para reter os profissionais já contratados
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Com funcionários menos produtivos, a competitividade dos produtos brasileiros acaba prejudicada. Hoje, um brasileiro leva um dia para produzir o equivalente a um americano em cinco horas, um alemão, em seis horas, e um chinês em oito horas
Thinkstock
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TI
Quanto ganham? Entre R$ 2.500 e R$ 5.000.
Por que estão em falta? O número de profissionais formados na área de TI (tecnologia da informação) não atende à demanda crescente das empresas, cada vez mais informatizadas. Entre os principais motivos, segundo especialistas, estão o baixo interesse dos estudantes brasileiros por ciências exatas até a alta evasão dos cursos ligados à tecnologia. O setor estima que o déficit de profissionais chegue a 750 mil em 2020Thinkstock
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Contadores e profissionais de finanças
Quanto ganham? Entre R$ 5.000 a R$ 10 mil.
Por que estão em falta? A complexidade da economia brasileira impôs novas exigências aos profissionais da área, aos quais falta especialização. Além disso, os jovens teriam perdido interesse no setor por seu caráter 'operacional' e não 'estratégico', dizem especialistasThinkstock
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"Nossa produtividade vem crescendo a um ritmo menor do que o custo do trabalhador. A empresa precisa pagar essa diferença, ou corrigindo os preços e gerando inflação, ou reduzindo investimentos. Nos dois casos, o crescimento da nossa economia é afetado", afirmou à BBC Brasil José Pastore, professor de economia da USP e ex-chefe da Assessoria Técnica do Ministério do Trabalho
Acesse o R7 Empregos e encontre sua grande oportunidadeItaci Batista/Estadão Conteúdo
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Profissionais de meio ambiente
Quanto ganham? Entre R$ 7.000 e R$ 15 mil.
Por que estão em falta? O aumento da demanda por profissionais de meio ambiente cresceu à medida que as empresas passaram a mensurar os custos financeiros e políticos do impacto de suas ações na natureza. Porém ainda há um grande déficit de profissionais especializados na área, em parte devido à baixa oferta de cursosGetty Images
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Engenheiros
Quanto ganham? Entre R$ 8.000 e R$ 20 mil.
Por que estão em falta? O Brasil tem uma carência histórica na área de engenharia, formando, anualmente, apenas 44 mil engenheiros, contra 150 mil dos Estados Unidos, 300 mil da Índia e 400 mil da China. Há uma demanda maior por engenheiros de produção, de segurança do trabalho, mecânicos, civis, de controle e automação, elétrico e ambientalGetty Images
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A dificuldade de encontrar mão de obra qualificada também tem levado as empresas a intensificar a capacitação do trabalhador no próprio ambiente de trabalho. Segundo uma sondagem da CNI (Confederação Nacional da Indústria), divulgada no ano passado, 81% das empresas utilizam essa estratégia. Entre as de grande porte, essa taxa sobe para 87%.
Marcia Almstrom, diretora de Recursos Humanos da ManpowerGroup no Brasil, disse à BBC Brasil que o "desprestígio" do ensino técnico criou "uma lacuna no mercado de trabalho"
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Profissionais de saúde
Quanto ganham? Entre R$ 5.000 e R$ 20 mil.
Por que estão em falta? As novas tecnologias passaram a exigir mudanças e adaptações no comportamento dos funcionários. O médico do trabalho ganhou papel importante nesse processo. A especialização, no entanto, ainda é limitada em número de cursos e EstadosThinkstock
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Para tentar solucionar esse problema, o governo federal espera elevar o número de matrículas Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) das atuais 8 milhões para 12 milhões nos próximos quatro anos. "O Pronatec foi um passo decisivo para que nós pudéssemos, de fato, garantir escala, gratuidade e qualidade na educação profissional", disse à BBC Brasil o ministro da Educação, Henrique Paim.
— O resultado é muito importante para o país do ponto de vista da competitividade e fará o Brasil se tornar mais competitivoRuth Costas/BBC Brasil