Em 2017, centenas de migrantes africanos tentaram atravessar
a fronteira da Itália para a França por meio do Maciço Alpino — uma das grandes
cadeias de montanhas que cortam a Europa. Um dos refugiados foi Abdullhai, de
38 anos, que deixou sua esposa e três filhos na República da Guiné para fazer a
travessia
*Texto de Ana Luísa Vieira, do R7.
REUTERS/Siegfried Modola/21.12.2017
O terreno é íngreme e os migrantes enfrentam riscos que vão
desde fraturar o pé em uma escarpa a ser atingidos por pedras que caem da
encosta — passando pela hipotermia por enfrentar temperaturas de -9 °C com
roupas inadequadas
REUTERS/Siegfried Modola/21.12.2017
Em
entrevista à agência de notícias Reuters, Abdullhai — que pediu para não ter
seu sobrenome revelado — afirmou que sua vida na Guiné não era boa. "Não
há trabalho por lá e nem futuro para meus filhos. Na Europa, nós podemos ter um
futuro. Podemos encontrar um trabalho e viver a vida com alguma dignidade. Por
isso a travessia vale a pena pra mim", disse
REUTERS/Siegfried Modola/21.12.2017
O número de migrantes que realizaram viagens perigosas para
chegar à Europa vem caindo desde 2015 — quando um milhão de refugiados chegaram
ao velho continente desde o Oriente Médio e a África. Os registros oficiais
mostram que pelo menos 171.635 chegaram por embarcações em 2017, contra 363.504
em 2016
REUTERS/Siegfried Modola/21.12.2017
Abdullhai fez a travessia com um grupo de cinco pessoas. No
entorno de uma fogueira feita em uma caverna durante um intervalo na jornada,
os africanos contaram histórias sobre serem presos e torturados, ou sobre serem
órfãos e encararem um futuro de incertezas em seu país de origem. À medida que
a neve começou a cair, a viagem se tornou ainda mais perigosa
REUTERS/Siegfried Modola/21.12.2017
A agência Reuters ainda acompanhou a jornada de três outros
migrantes: um jovem de 24 anos do Senegal; um homem de 31 do Congo; e um de 37
anos do Paquistão. Todos tentavam chegar à França, mas abandonaram a trilha por
conta do cansaço extremo e retornaram à Itália
REUTERS/Siegfried Modola/21.12.2017
Para o jovem Kamarra, que saiu da Guiné rumo à França, atravessar
a cadeia de montanhas no frio não se compara às experiências já vividas por ele
como refugiado: “Fui preso e torturado na Líbia por muitos meses. Tenho
cicatrizes. Cruzar os Alpes não me parece grande coisa”, conclui
REUTERS/Siegfried Modola/21.12.2017
A OIM (Organização Internacional para as Migrações) estima
que 3.116 refugiados morreram no Mediterrâneo enquanto tentavam chegar à Europa
por meio de embarcações clandestinas em 2017. Em 2016, o índice foi de 5.143
mortos e desaparecidos