"Você só pensa em se salvar", conta a brasileira Marina Machado
Arquivo pessoalA designer brasileira Ivana Amarante, de 30 anos, passeava por um shopping no centro da capital mexicana no momento em que um terremoto de magnitude 7,1 atingiu o país na última terça-feira (19). Residente da Cidade do México há aproximadamente um ano, Ivana conta em entrevista ao R7 que subia uma escada quando olhou para baixo e viu uma multidão correndo no primeiro andar do centro comercial.
— Em um primeiro momento, pensei que algo estava acontecendo na frente do prédio. Mas depois notei que tudo se mexia, e logo comecei a ouvir os barulhos — que, na minha opinião, são uma das piores partes de se viver um terremoto. Como o shopping tinha o teto e as laterais todas envidraçadas, eu escutava a todo o tempo os estalos do vidro trincando.
Segundo a brasileira, o tremor durou, no mínimo, 30 segundos. Neste intervalo, ela conseguiu descer até o térreo e correr para o meio da rua, que é o local mais indicado pelas autoridades para as pessoas se reunirem durante este tipo de incidente. O trajeto, entretanto, teve seus percalços.
— Houve um momento em que eu cheguei a uma passarela suspensa e eu não sabia se deveria esperar o tremor cessar ali mesmo — o caminho tremia muito e poderia cair a qualquer momento — ou seguir em frente para chegar à rua. Acho que essa é a parte mais delicada, porque tudo à sua volta num terremoto é muito perigoso. Você pensa que vai morrer, mas precisa se manter alerta, raciocinar rápido sobre um lugar para onde ir e não perder a lucidez para o desespero.
Fora o susto, Ivana saiu do episódio sem ferimentos. Quando o terremoto acabou, ela ainda permaneceu na Avenida de la Reforma — uma das principais da Cidade do México — por cerca de 40 minutos. “Muita gente se concentrou ali com medo de que acontecesse outro tremor em seguida, mas depois de algum tempo começou um vazamento de gás e eu fui caminhando até a minha casa. No bairro onde moro, que é mais antigo, as cenas eram desesperadoras: as ruas estavam tomadas de pessoas, vários prédios foram parcialmente destroçados”, pondera.
Já a paulista Marina Machado, que trabalha como pedagoga na Cidade do México há seis anos, relata que estava em casa quando sentiu os primeiros tremores.
— Eu estava sentada na mesa e tudo começou a balançar. As portas bateram, coisas que estavam penduradas e porta-retratos caíram. A única coisa que eu consegui fazer foi pegar a chave e correr para a rua.
Na Cidade do México, prédios foram danificados e socorristas trabalharam noite adentro para resgatar vítimas
REUTERSFora de casa, a paulista lembra que viu postes tremendo, carros balançando e pessoas correndo desesperadas. “Ontem tremeu demais, foi assustador. Eu já tinha passado por outros terremotos — de magnitude 5,4 ou 5,8 —, mas esse foi completamente diferente. Na hora, o que passa pela sua cabeça é uma mistura de sentimentos. Você só quer se salvar, porque você não sabe se sua casa vai cair em cima de você”, diz.
Lição de solidariedade
Felizmente, nenhuma das duas brasileiras viu a própria residência ser danificada pelo fenômeno. Da experiência, elas contam que vão levar a lição de solidariedade dada pelos mexicanos. “Eu vi uma onda de ajuda muito forte depois que o terremoto passou. Em uma praça perto da minha casa, as pessoas montaram barraquinhas para ajudar com água e comida. Muitos continuaram trabalhando durante a madrugada para resgatar pessoas com vida em meio aos escombros. Todo mundo foi um pouco sobrevivente nessa história”, conclui Ivana.