Jaime foi assassinado no dia 19 deste mês enquanto pedalava
ReproduçãoUm adolescente de 15 anos confessou na tarde desta quarta-feira (27) participação no assassinato do médico Jaime Gold, de 57 anos, na Lagoa Rodrigo de Freitas. A delegada da Divisão de Homicídios Patrícia Aguiar reiterou que o autor do crime, no entanto, foi o menor apreendido na semana passada pela Polícia Civil. O segundo menor foi responsável por jogar a arma do crime no Rio Maracanã, na zona norte do Rio.
A mãe do menor apreendido nesta quarta procurou a Secretaria de Desenvolvimento Social de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, para entregá-lo pela participação no crime.
Ele estava em liberdade assistida de 45 dias após cumprir medida socioeducativa em uma unidade do Degase (Departamento de Geral de Ações Sócioeducativas). O adolescente teria cerca de cinco passagens pela polícia.
A delegada afirma que o menor demonstrou arrependimento durante o procedimento desta tarde. Ele e o primeiro menor apreendido se conhecem por serem moradores de comunidades vizinhas na zona norte do Rio, Manguinhos e Jacaré. A bicicleta de Gold "dificilmente será recuperada" porque, segundo a delegada, provavelmente já foi bastante modificada.
O roubo seguido da morte de Gold teria sido o segundo crime praticado em conjunto pela dupla. Segundo Patrícia Aguiar, o primeiro crime deles teria sido no Aterro do Flamengo, sem utilização de faca.
— No crime da Lagoa, quem estava conduzindo a bicicleta era o primeiro menor e quem estava sentado no quadro [da bicicleta] era o segundo menor. A testemunha teve visão perfeita de quem estava conduzindo. Se ficou alguma dúvida sobre a participação do primeiro menor apreendido, ela está sanada.
Segundo a delegada, ele será encaminhado à Vara da Infância e da Juventude, que irá decidir pela sua internação provisória. A Polícia Civil confirmou que as investigações sobre esse caso estão encerradas.
Outro suspeito
Nesta quarta-feira (27), o primeiro adolescente, de 16 anos, prestou depoimento à Justiça. A defesa do menor reafirmou que ele não participou do crime.
Em entrevista à Agência Brasil, a mãe do menino afirmou que, à ela, o jovem também negou participação no assassinato.
— Eu e ele tínhamos visto esta reportagem [sobre a morte do ciclista, na televisão] quarta-feira. Mas ele não teve reação, estava tranquilo e eu estava tranquila. Ainda perguntei: Você tem algo a ver com isso aí? Se ele tivesse, a reação teria sido outra, conheço meu filho.
Na segunda-feira (25), a Vara da Infância e Juventude da Capital decidiu manter o menino internado provisoriamente. Com a decisão, o adolescente permanece sob os cuidados do Degase (Departamento Geral de Ações Socioeducativas).
A decisão da juíza Cristina de Araújo Goes foi baseada em representação oferecida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. A representação é por ato infracional análogo ao crime de latrocínio. O processo tem prazo de 45 dias para ser julgado, segundo o MP-RJ. Somente após sentença, a medida socioeducativa a ser adotada poderá ser decidida.
Depoimento
Na tarde desta segunda-feira (25), durante uma audiência no Fórum de Olaria, o menor de idade negou à Promotoria envolvimento no crime, segundo informou o advogado Alberto Junior que acompanhou a audiência.
O adolescente foi ouvido pela promotora de Justiça da Infância e da Juventude Luciana Benisti durante pouco mais de uma hora. O defensor disse que o adolescente de 16 anos afirma que não estava no local na hora do crime, mas na casa dele em Manguinhos, zona norte do Rio. De acordo com o MP-RJ, o teor do depoimento não pode ser divulgado, pois o processo corre em segredo de Justiça.
A mãe do adolescente também foi ouvida. Ela deixou o fórum chorando muito. Advogados acompanharam a oitiva. Ao deixar a sala de audiência, ela preferiu não falar com a imprensa.