Levy será o presidente do BNDES no governo Bolsonaro
Ueslei Marcelino/Reuters - 04.11.2015O economista Joaquim Levy, que será o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) do governo Jair Bolsonaro (PSL), deixou o posto de diretor financeiro do Banco Mundial para voltar à administração pública.
Levy comandou o Ministério da Fazenda no segundo governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas deixou o cargo antes de completar seu primeiro ano diante de discordâncias sobre o afrouxamento nos esforços fiscais, em meio à recessão econômica e à intensa crise política, que emperrou ou atenuou muitas das medidas de ajuste que propôs ao longo de sua gestão.
Como ministro, também buscou sem sucesso uma grande reversão em subsídios, a diminuição de recursos destinados para o Sistema S e a recriação da CPMF, além de promover uma forte tesourada nas despesas da União.
À frente do ministério, ele iniciou uma política para diminuir os subsídios da União concedidos em créditos ao BNDES.
O interesse pela participação no governo é do apreço que Paulo Guedes, futuro ministro da Economia, tem pelo trabalho de Levy. Os dois têm doutorado em economia pela ultraliberal Universidade de Chicago.
Outros cargos
Levy quase repete a trajetória do senador Romero Jucá na economia. Jucá foi líder dos governos Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma e Temer.
Já Levy foi secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda com FHC, foi secretário do Tesouro Nacional de Lula (2003-2006) e comandou o Ministério da Fazenda com Dilma.
Além disso, ele também foi secretário da Fazenda do Rio de Janeiro no primeiro governo de Sérgio Cabral.
Perfil liberal
A indicação de Levy pode ser considerada uma vitória da visão econômica mais liberal, capitaneada pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, dentro do governo. O grupo formado por militares na equipe de Bolsonaro, com visão um pouco mais estatizante, defenderia um BNDES menor, mas com alguma função no financiamento à inovação e aos investimentos em infraestrutura.
Já para o grupo mais liberal, o BNDES poderia se dedicar apenas às privatizações de estatais e estruturação de projetos de concessões de infraestrutura à iniciativa privada. Essa função teria prazo de validade. Vendidas as estatais e concedidos os principais projetos de infraestrutura em carteira, o BNDES poderia até mesmo ser extinto.