Miro Dantas aprimorou técnica 3D para refazer mamilos
Reprodução/vídeo"A tatuagem é rápida. Em duas horas está feita. Mas a simbologia dela é gigantesca", resume Miro Dantas, o tatuador que transformou seu desejo de ter um projeto social em um trabalho de recuperação da autoestima de mulheres vítimas de câncer de mama.
Especialista reconstrói de graça aréolas para vítimas de câncer
Dantas já atendeu cerca de 200 mulheres gratuitamente desde que deu início ao projeto "Uma Tatuagem por uma vida melhor". Ele conta que, em 2009, uma senhora o procurou para tatuar o mamilo. "Ela tinha feito mastectomia e saiu maravilhada. Eu já queria fazer algo de cunho social e veio aquela luz", lembra. Em 2014, ele passou a tatuar, de graça, uma vítima de câncer de mama por semana.
Projeto doa tatuagens para mulheres vítimas de câncer
“Meu objetivo é introduzir a tatuagem moderna e realista como um apoio à oncologia, auxiliando a estética após o tratamento e melhorando a autoestima da mulher”, afirma. Desde 2018, o tatuador conta com apoio da Bayer para realizar seu trabalho voluntário.
Vítimas recuperam autoestima
DivulgaçãoO câncer de mama é o tipo da doença mais comum em mulheres no mundo, depois do câncer de pele não melanoma, correspondendo a cerca de 25% dos casos novos a cada ano. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Brasil, 4 em cada 10 novos casos são de mama.
Tire todas as suas dúvidas sobre o câncer de mama
O procedimento é realizado no estúdio do tatuador, em São Paulo. Quando a mulher possui uma das mamas, o tatuador consegue tirar uma foto e reproduzir o desenho da aréola no outro seio.
Antes de criar o projeto, Miro desenvolveu as técnicas que garantem uma visão em três dimensões da tatuagem dos mamilos. O resultado, na visão das próprias mulheres, não poderia ser mais realista.
Elaine Lopes foi uma das participantes do projeto. No fim de 2015, ela descobriu, a partir de uma mamografia, que estava com câncer e decidiu retirar a mama, opção que acarretava menos risco de o câncer voltar. Elaine conta que, após a cirurgia, no início de 2016, pesquisou alternativas na internet, até que descobriu o poder da tatuagem.
“O chão some, as pernas adormecem, passam milhares de coisas na cabeça. Uma delas é ´eu vou morrer´. Fiquei meses sem me olhar no espelho. Então descobri que uma tatuagem 3D poderia ser a solução para mim. Eu juntava dinheiro, mas sempre acontecia alguma coisa que precisava recorrer a esse valor reserva. Até que, em 2018, conheci o projeto. Hoje sou imensamente grata a tudo“, desabafa Elaine.