Moeda americana fechou no menor valor em três meses
Sergio Moraes/ Reuters - 31.03.2015O dólar fechou no menor valor em três meses nesta segunda-feira (8), influenciado pelo otimismo do mercado exterior frente a reabertura de algumas das principais economias do mundo. Na sessão desta segunda, a moeda terminou com queda de 2,75%, cotada a R$ 4,8544 - o menor valor desde 16 de março. A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, também foi beneficiada e encerrou o pregão com alta de 3,18%, aos 97.644,67 pontos.
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O aumento do apetite por riscos voltou a fortalecer os mercados com a abertura de algumas das maiores economias do mundo, como França, Alemanha, Espanha e Itália - que chegou a ser um dos epicentros da pandemia do coronavírus. Além do continente europeu, países da Ásia e também os Estados Unidos, já começam a relaxar as medidas de isolamento social.
Apesar do bom humor, no Brasil, o cenário ainda inspira preocupação. Além do Banco Mundial ter previsto uma queda de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do País - a maior em 120 anos, as idas e vindas do governo em torno das estatísticas oficiais da covid-19 causam preocupação. Além de alterar a forma como os dados eram divulgados, o Ministério da Saúde também forneceu dados contraditórios sobre a pandemia no último domingo, 7.
Mesmo com as incertezas, o Ibovespa, principal índice de ações do mercado brasileiro, conseguiu com a ajuda das Bolsas de Nova York ostentar sua sétima alta seguida, algo que não era visto desde 2018. A Bolsa fica agora mais perto dos 100 mil pontos, que não são vistos desde o dia 6 de março.
Na máxima do dia, a B3 subia aos 97.678,36 pontos, uma alta superior a 3%. No mês, ela tem ganho de 21,66% - no ano, cede apenas 15,57%. Entre as maiores altas do pregão de hoje, estão Azul, com 29,25%, Gol, com 28,29% e Embraer, com 18,36%. As aéreas são favorecidas pelo processo de reabertura da economia local.
Câmbio
O dólar se manteve em quase toda a sessão com uma queda superior a 2% - na mínima, era cotado a R$ 4,8486, o menor valor para uma cotação desde 13 de março, quando a mínima do dia foi de R$ 4,8807. Vale lembrar que há pouco menos de um mês, o dólar alcançou o maior valor nominal da história, quando não se desconta a inflação, de R$ 5,9718.
Com o resultado, a moeda americana já acumula recuo de 9% apenas no mês de junho - mas ainda tem valorização de 21% no ano. Além da melhora no cenário exterior, os recentes leilões de dólares do Banco Central também tem ajudado a aliviar o peso da moeda no mercado.
Nas casas de câmbio, de acordo com levantamento realizado pelo Estadão/Broadcast, o dólar turismo é negociado próximo de R$ 5,15. Já o dólar para julho fechou em queda de 2,91%, a R$ 4,8280.
Cenário internacional
Na Ásia, a expectativa é que talvez o pior da pandemia já tenha passado. o PIB do Japão fechou com queda de 2,2%, enquanto analistas estimavam um recuo maior, de 3,4%. Na China, a balança comercial teve desempenho misto em maio, com queda de 3,3% - a previsão era de 6,5%.
Já na Europa, onde a reabertura ganha força, os resultados ainda preocupam. A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse que o acréscimo de 600 bilhões de euros ao programa de incentivo fiscal de 1,35 trilhão de euros do BCE será essencial para evitar uma recessão ainda mais profunda. Enquanto isso, na Alemanha, a produção industrial do país teve um tombo histórico de 17,9%. Nesse cenário, o Stoxx 600 fechou com queda de 0,23%.
Petróleo
O dia foi de estresse para o mercado de petróleo, que teve de se contentar com os resultados fracos da reunião do último sábado, 6, feita pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+), que estendeu os cortes na produção de barris até o final de julho. No entanto, o valor já estipulado anteriormente - de uma redução de 9,7 milhões -, foi mantido sem alterações, o que decepcionou os investidores.
Em resposta, o WTI para julho, referência no mercado americano, fechou em queda de 3,44%, a US$ 38,19 o barril. Já o Brent para agosto, referência no mercado europeu, caiu 3,55%, a US$ 40,80 o barril.
Bolsas do exterior
Colhendo apenas nesta segunda os resultados positivos do mercado de trabalho dos Estados Unidos, as Bolsas da Ásia fecharam em alta. O japonês Nikkei subiu 1,37%, enquanto o sul-coreano Kospi se valorizou 0,11%. Os chineses Xangai Composto e Shenzhen Composto fecharam com alta de 0,24% e 0,02%, respectivamente. Já o Hang Seng subiu 0,03% em Hong Kong. Na Oceania, a Bolsa australiana não operou nesta segunda devido a um feriado nacional.
Apesar do otimismo com a reabertura, as incertezas frente ao coronavírus seguraram os ganhos das Bolsas do velho continente. A Bolsa de Frankfurt fechou com queda de 0,22% enquanto a de Londres, teve recuo de 0,18%. Em Paris, Madri e Lisboa as quedas foram de 0,43%, 0,30% e 0,24%, respectivamente. Milão foi a única que teve ganho e fechou com alta de 0,22%.
O dia também foi de ganhos nas Bolsas de Nova York. O Dow Jones fechou com alta de 1,70%, o S&P 500 teve ganho de 1,20% e o Nasdaq avançou 1,13%, aos 9.924,74 pontos, um recorde para um fechamento. Por lá, a possibilidade do Federal Reserve (Fed, o BC americano), manter os estímulos fiscais para apoiar as empresas na pandemia, também fortaleceu o mercado.
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