Mariana com a filha Manuela e o marido Romulo vivem perto Bergamo, na Itália
Arquivo pessoalO primeiro caso de coronavírus no Brasil foi há um mês e a quarentena nos estados só começou na última semana. Mas muitos brasileiros já enfrentam o desafio de estar em isolamento social há bastante tempo.
De acordo com estimativa do Itamaraty, mais de 3,5 milhões de pessoas que nasceram aqui vivem no exterior. O R7 conversou com três mulheres que moram na Itália e na Espanha, os dois países com mais mortos pela covid-19, para descobrir o que está funcionando para elas no isolamento e o que pode ser útil para nós.
Sabrina faz doutorado em epidemiologia na Universidade Degli Studi di Torino, em Turim, na Itália, e já está em casa há mais de um mês. Manter a rotina foi um jeito ficar centrada nesses dias difíceis.
“Durmo e acordo nos horários normais e as refeições são rotineiras também. Eu gosto de cozinhar e enquanto preparo converso por Skype com meu namorado que está no Brasil. O estranho é que todos os dias são iguais. Não dá para saber se é sábado, domingo ou quarta-feira, pois não temos vida social que faça essa distinção”, explica Sabrina.
Julia fez seu escritório em um canto de seu quarto
Arquivo pessoalPara Julia Pecci, jornalista que mora em Madrid e está há 17 dias em casa, seguir um planejamento diário ajudou muito.
“Acordo cedo, tiro o pijama, me alongo ou faço algum exercício. Meu apartamento é pequeno, então quase não me movimento durante o dia. Tenho a rotina do almoço e jantar na sala, junto com a minha amiga que mora comigo. Montei um mini escritório no quarto e só uso para trabalhar.
Amor de amigos e da família
Além de seguir um cronograma, manter o contato com quem elas amam ajuda muito a passar os dias. “Fico com a minha filha e com meu marido e fazemos coisas que não são só ficar ligada na doença e no problema. Juntos pensamos como serão as coisas quando tudo terminar. Precisamos cuidar da cabeça, se não as coisas ficam críticas”, conta Mariana, que mora em Val Brembilla, província que fica a 15 quilômetros de Bergamo, epicentro da covid-19 na Itália.
Ela, o marido Rômulo e a filha Manuela moram lá há dois anos e estão em casa há 18 dias. Mariana trabalha vendendo algumas delícias que só têm no Brasil, como coxinha e brigadeiro.
Para Julia o contato com amigos e família, mesmo que por telefone ou internet, faz diferença. “Fale com as pessoas, ligue, deixe as mensagens de texto para trás. Ligue, veja as pessoas pela câmera do celular. Ajuda a matar a saudade e faz a quarentena não ser tão solitária, principalmente para quem mora sozinha”, avisa a jornalista.
Projetos paralelos
Nos momentos em que não estão trabalhando, Sabrina e Julia resolveram dar mais energia à projetos que têm fora do trabalho. Com isso, diminui o tempo ocioso dentro de casa.
De quarentena, Sabrina se dedica a seu blog de sustentabilidade
Arquivo pessoalA jornalista tem um blog que conta suas viagens pelo mundo. "Escrevo sobre Madrid e minhas viagens na Europa no blog @itravelwetravel. Tenho aproveitado para falar do corona aqui na Espanha para tentar mostrar para todos que sim é possivel passar por isso", diz Julia.
O blog de Sabrina é sobre como viver com sustentabilidade é o @pegadanaterra. "Tenho trabalhado muito, mas isso é algo que eu gosto muito de fazer, que é comunicação, viagens e sustentabilidade. Nem vejo as horas passarem. Me dedico de todo coração no conteúdo que eu coloco ali."
Olhar o lado bom
Ver o lado bom das coisas e repensar o futuro são dicas que Sabrina, Mariana e Julia concordam.
“Você não precisa estar bem todos os dias. Ficar em casa confinada não é legal, não vou mentir. Mas é o que tem no momento e decidi passar por isso da melhor maneira possível”, afirma Julia.
Mariana e Sabrina já pensam quando a crise do coronavírus terminar. “O planeta reagiu às nossas atitudes. Se continuarmos explorando, desperdiçando e poluindo como antes, as catástrofes serão cada vez maiores. Temos de mudar drasticamente nosso jeito de viver, consumir, nos alimentar e exercer a cidadania”, alerta Sabrina.
“Por pior que seja tudo isso que está acontecendo, tem coisas boas. Todos precisamos passar por isso para se conhecer melhor, crescer de alguma forma e dar valor para as coisas que realmente importam”, completa Mariana.
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