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Incríveis 29 anos depois, amantes ou não do automobilismo ainda têm dúvidas sobre o acidente que tirou a vida de Ayrton Senna. Durante muito tempo pairavam, é verdade, mistérios sobre a morte do tricampeão mundial de Fórmula 1. Mas, ao longo de décadas, com trabalhos jornalísticos, relatos de quem esteve em Ímola e, sobretudo, com a biografia "Ayrton, o herói revelado", de Ernesto Rodrigues, respostas foram encontradas. Este 1º de maio reúne aqui alguns desses esclarecimentos
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Por que teve corrida depois dos acidentes?
O circuito de Ímola, em San Marino, na Itália, era reconhecidamente perigoso como o próprio esporte em si é. Mas com os carros de 1994 mais ariscos, pontos de segurança se mostraram falhos no circuito. Infelizmente, mesmo depois dos graves acidentes de Nelson Piquet (1987) e Gerhard Berger (1989), pouco ou nada foi feito na curva Tamburello. Depois dos acidentes de Rubens Barrichello, na sexta-feira, e da morte de Roland Ratzenberger no sábado, o clima no autódromo era dos piores possíveis, mas o local não foi interditado. Oficialmente, aliás, a morte do austríaco é dada no hospital -
A coluna de direção quebrou?
A tese mais aceita para o acidente de Ayrton Senna é de que a coluna de direção da sua Williams FW16 quebrou no acidente. Se antes ou depois da batida, é que não se sabe ao certo. Essa, no entanto, é a versão oficial depois de anos de investigação. O piloto brasileiro, depois de seis anos na McLaren, estranhou o volante mais afastado e pediu uma emenda para que a peça fosse colocada mais próxima a seu peito -
A pressão dos pneus baixou?
Pouca gente pode se lembrar, mas os pilotos JJ Lehto e Pedro Lamy bateram logo na largada, o que provocou a entrada do safety-car. Depois de três voltas completas com o ritmo muito abaixo do previsto para um carro de F-1, a pressão dos pneus de Senna teria baixado demasiadamente, segundo contou Damon Hill, então companheiro de equipe do brasileiro. Com isso, o carro perdeu aerodinâmica na parte da frente e foi de encontro ao muro -
Houve um problema na direção hidráulica?
Outra versão amplamente divulgada é a de que a Williams teria tido um problema hidráulico, por isso, a barra de direção teria ficado pesada demais e Senna havia perdido o ponto exato da curva. Pessoas que cobriam o GP de San Marino relatam que um funcionário da equipe britânica tratou de desligar a direção hidráulica do carro de Hill para a sequência da prova -
Alguém foi culpado pelo acidente?
Em 20 de fevereiro de 1997, seis pessoas — incluindo os sócios da Williams, Frank Williams e Patrick Head, e o projetista da equipe, Adrian Newey — foram indiciados pela Justiça italiana, que depois absolveu todos os acusados por falha da promotoria em apontar provas. Dez anos depois, o caso foi reaberto e concluído que havia uma falha na coluna de direção mal projetada. Por essa razão, Patrick Head foi responsabilizado por sua omissão no trabalho -
Benetton e Schumacher trapaceavam?
Senna não vinha nada bem em sua nova equipe. Ele havia abandonado as três primeiras corridas com a Williams, naquele primeiro ano sem a sua famosa suspensão ativa, basicamente um componente eletrônico que dava mais estabilidade para o carro nas curvas. A Williams não tinha, mas o que se tem dúvida é se outras equipes, como a Benetton de Michael Schumacher e comandada por Flavio Briatore, não contava com outros componentes eletrônicos que auxiliavam o time na corrida. Schumacher foi campeão ao final do ano mesmo com a Benetton tendo sido investigada por um reabastecimento de combustível fora dos padrões de segurança -
Onde estão o capacete e o carro de Senna?
Ao longo de toda a investigação, esses componentes ficaram sob custódia da Justiça italiana. Tempos depois do acidente, o capacete foi enviado para a empresa norte-americana Bell para análises. O carro chegou a ficar guardado no Autódromo Enzo e Dino Ferrari e depois, em abril de 2002, foi entregue à Williams. A pedido da família Senna, os itens foram incinerados, sem nenhuma cerimônia ou registro fotográfico -
Cadê a câmera onboard?
Diferentemente dos dias atuais, as câmeras instaladas nos carros não tinham o sinal gravado durante toda a corrida. As imagens estavam disponíveis apenas para a FOM (Formula One Manager) e eram enviadas diretamente para a transmissão ao vivo. Segundo o órgão que controlava a exibição das corridas, nunca houve a imagem de Senna em sua câmera onboard. Antes do acidente, só é possível ver a onboard de Schumacher perseguindo Senna, na abertura da sexta volta -
E o atirador no Parque Aqcue Minerali?
A tese de um sniper no parque que cerca o autódromo simplesmente não respeita a história do tricampeão mundial