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No Afeganistão, a chamada Geração Z — que nasceu a partir do ano de 1995 — cresceu por mais de 17 anos vendo seu país ocupado por forças internacionais, à medida que grupos terroristas disputavam o poder com o governo. Agora, entretanto, se veem diante de um futuro incerto e da possibilidade de uma mudança brusca. As informações são da agência de notícias Reuters
Leia também: 'Saio de casa sem saber se volto', diz jovem sobre vida no AfeganistãoREUTERS/Mohammad Ismail/31.01.2019
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As conversas de paz entre o Taleban — principal organização extremista — e os Estados Unidos vêm evoluindo e o grupo pode assumir um papel formal no governo afegão. Por ora, o presidente Donald Trump cogita reduzir o número de tropas americanas no Afeganistão — havia 100.000 no início dos anos 2010 e hoje permanecem cerca de 14.000
Veja mais: Grupos terroristas atuam em Cabul para enfraquecer governoREUTERS/Mohammad Ismail/31.01.2019
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Ninguém sabe que forma um novo governo deve tomar ou quanto controle estará nas mãos do Taleban se houver um acordo. Mas para os jovens que eram bebês quando o grupo terrorista foi retirado do poder por uma campanha dos Estados Unidos no início dos anos 2000, a perspectiva de paz com a organização extremista traz sentimentos mistos de esperança e medo
Leia também: Da Venezuela ao Iêmen: os conflitos que merecem atenção em 2019REUTERS/Mohammad Ismail/31.01.2019
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Para os que moram nas zonas rurais do Afeganistão, onde autoridades locais sempre contaram mais que o governo central, a vida não deve mudar muito. Para os jovens da capital, Cabul, e outras cidades, há muito a perder — especialmente pelas liberdades restauradas após a saída do Taleban. Tocar música, trabalhar na indústria da moda ou adotar cortes de cabelo fashion são algumas delas. Maram Atayee, uma adolescente de 16 anos que estuda em uma escola de música em Cabul, diz que o que mais a preocupa é ter de deixar de tocar. "Seria ótimo se o governo e o Taleban fizessem um acordo de paz. Mas o acesso à música e os direitos das mulheres devem ser assegurados", diz
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Da última vez em que o Taleban esteve à frente do poder no Afeganistão, o grupo ganhou notoridade global pelo autoritarismo de seu regime, guiado pelas leis islâmicas: as mulheres era forçadas a ficar em casa, a música e os esportes eram restritos e quem infringia as leis sofria punições brutais. Mais recentemente, a organização do Taleban adotou um tom mais moderado — incluindo promessas de direitos para a educação de mulheres e meninas, apelos por ajuda de grupos estrangeiros e promessas de manter boas relações internacionais
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Embora grandes dúvidas permaneçam quando ao futuro, as conversas de paz deram aos jovens afegãos algum senso de esperança. "Eu estou otimista pelo Taleban ter se juntado às negociações. Seria o fim da guerra e dos conflitos em nosso país. Mas eu gostaria que eles mudassem sua política e não agissem como antes", declara Hussain, de 19 anos — que, como muitos jovens afegãos, cresceu como refugiado no Irã e agora trabalha como cabeleireiro em Cabul
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O Afeganistão tem uma população surpreendentemente jovem, com mais de 60% de seus 35 milhões de habitantes com menos de 25 anos. Metade deles, por sua vez, tem menos de 15, de acordo com as Nações Unidas. Assim como jovens pelo mundo todo, eles confiam na tecnologia para ficar por dentro das últimas tendências culturais e encontram grandes dificuldades para encontrar emprego estável
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Os jovens no Afeganistão também têm de lidar com a violência diariamente e encaram uma economia defasada que não consegue fornecer empregos para as mais de 400.000 pessoas que ingressam no mercado de trabalho todos os anos
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Milhares de afegãos saíram de seu país desde 2014, quando a maior parte das forças internacionais se retiraram. Muitos se arriscaram em jornadas arriscadas para buscar refúgio em países como Turquia ou mesmo na Europa. Para os que ficaram, existe agora a esperança de que as negociações de paz tragam novas oportunidades
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Omar, de 19 anos, trabalha em uma loja de Cabul que vende roupas importadas da Turquia. Ele aprende inglês desde os seis anos de idade na esperança de viajar um dia. Em um álbum, guarda imagens dos lugares que pretende visitar — Taj Mahal, Torre Eifel e Nova York são alguns deles. Ainda assim, o jovem espera viver no Afeganistão e torce pelo fim da violência
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Sultan Qasim Sayeedi, de 18 anos, é modelo e ostenta um corte de cabelo com as laterais raspadas que, segundo ele, para o trânsito nas ruas de Cabul. Ele usa redes como Facebook, Youtube e Instagram para conhecer as novidades do mundo fashion e se inspira em seus modelos preferidos, como o saudita Omar Borkan. "Temos medo de que o Taleban proíba desfiles", diz. A torcida pelo fim da guerra, entretanto, é maior: "Se as tropas americanas forem embora, teremos paz. E nós queremos paz", conclui
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Já Maryam Ghulami, de 20 anos, acredita que sua geração vai promover mudanças que a de seus pais não conseguiu. Ela está aprendendo design gráfico e programação em um curso online e gosta de melhorar suas técnicas com ajuda de tutoriais no Youtube. "A nova geração vai mudar o Afeganistão com conhecimento e tecnologia", conclui
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