Senadores da base optaram por fazer perguntas a Nelson Barbosa
Pedro França/Agência SenadoOs senadores da base do governo interino Michel Temer e favoráveis ao impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff desistiram da estratégia anunciada ontem (26) de que não fariam perguntas às testemunhas de defesa para acelerar o julgamento. Vários senadores da base se inscreveram para fazer perguntas ao ex-ministro da Fazenda, Nelson Barbosa.
Até o intervalo para o almoço, 14 senadores haviam feito pergutas a Barbosa e ainda há 14 senadores inscritos.
Além dele, irá prestar depoimento hoje, mas como informante, o professor de direito da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), Ricardo Lodi Ribeiro.
O próprio senador Aécio Neves (PSDB-MG), que anunciou o acordo nesta sexta (26), se inscreveu para sabatinar o ex-ministro da gestão petista. Aécio Neves (PSDB-MG) questionou Barbosa se medidas de ajuste fiscal deixaram de ser tomadas por motivos eleitorais.
O ex-ministro Nelson Barbosa negou que isso tenha acontecido, e ao longo do seu depoimento reiterou o que já havia dito durante o processo na Câmara e no Senado: de que todos os decretos foram feitos dentro da lei e de que não houve 'pedaladas'. Barbosa disse que a edição de decretos de créditos suplementares segue o mesmo esquema há mais de dez anos.
Sobre a crise econômica que atingiu o país, o ex-ministro disse que a causa foi uma série de fatores externos e internos. Como exemplo ele citou a correção dos vários preços subsidiados. "O preço de commodities, queda do preço do petróleo, correção de preços administrados, cortes de gastos, paralisação política do Congresso com as pautas-bomba, a Lava Jato”, justificou.
Ainda segundo Barbosa, se não tivesse ocorrido a queda brusca de receita, por causa da falta de crescimento, a crise “não teria acontecido".
Testemunhas
Além de Barbosa também será ouvido hoje, na condição de informante, o professor de direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Ricardo Lodi Ribeiro. O pedido para alterar a condição do depoimento de Lodi Ribeirro foi feito pelo advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo, pelo fato do professor ter atuado como assistente de perícia no processo.
Depois que Lodi Ribeiro responder às perguntas dos senadores, o ministro Ricardo Lewandowski, que preside o julgamento do impeachment no Senado, encerra a fase de oitiva de testemunhas. A expectativa dos parlamentares é encerrar os trabalhos ainda neste sábado, até o fim da tarde.
O julgamento será retomado às 9h de segunda-feira (29) com a presidenta afastada Dilma Rousseff. Além de apresentar pessoalmente sua defesa aos 81 senadores, a petista também responderá perguntas de parlamentares.