Isaquias se recuperou rápido da decisão e ganhou ouro em uma prova não olímpica no dia seguinte
Divulgação
Era pra ser um momento histórico: durante a disputa do Campeonato Mundial de canoagem este mês, na Rússia, Isaquias Queiroz remava forte rumo à medalha de ouro na disputa dos C1 1000 m. Faltavam poucos metros para ele se tornar o primeiro brasileiro a conquistar um título tão importante na modalidade, especialmente porque se trata de uma prova que faz parte do programa olímpico. Eis que então que uma cena quase surreal aconteceu: ao errar um movimento, ele se desequilibrou e foi parar na água (veja no vídeo abaixo).
Por inércia, a canoa de Isaquias até chegou a cruzar a linha de chegada em segundo lugar, o que fez com que o sistema erroneamente o classificasse como vice-campeão. Logo, porém, os organizadores perceberam o equívoco e, como a regra determina que remador e barco precisam estar juntos toda a prova, ele acabou desclassificado.
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Tal situação é suficiente para marcar negativamente a carreira de qualquer atleta, além de abalá-lo psicologicamente. Mas não Isaquias, que rapidamente conseguiu dois “prêmios de consolação”: no dia seguinte ao incidente, ele se sagrou bicampeão mundial da prova C1 500 m e ficou com o bronze no C2 200 m, ao lado de Erlon Souza – nenhuma das provas é olímpica.
Mostrando enorme maturidade, especialmente quando se leva em conta que tem apenas 20 anos, Isaquias prefere olhar o lado positivo do ocorrido. Em entrevista ao R7, ele diz que a maior lição que tira da fatídica prova é a certeza que pode ganhar medalha de ouro nas Olimpíadas do Rio de Janeiro:
— Quando olhei a prova toda, vi que foi ótimo. Não ganhei, mas agora o Sebastian Brendel (alemão que se sagrou campeão mundial do C1 1000m) vai ficar com o pé atrás comigo. Ele ou qualquer outro sabem agora que não vai ser fácil vir aqui no Brasil e ganhar uma medalha na Olimpíada
O reconhecimento, inclusive, partiu do público e dos adversários:
— Todo mundo me deu os parabéns pela prova que fiz. Falaram que eu podia não ter ganhado a medalha de ouro, mas todo mundo sabia que eu era o campeão mundial
Isaquias revela que já havia passado por situação semelhante, mas a queda ocorreu após o fim da disputa. Ele ainda admite sua culpa no incidente:
— Eu olhei para o lado para dar a última remada e jogar o barco para frente. Quando fiz isso, joguei muito impulso no corpo, o peso foi para a perna de trás e não aguentei porque estava muito cansado, nem conseguia mais remar direito (...) Fiz o cálculo errado da chegada e acabei virando
Iniciado na canoagem através do programa governamental “Segundo Tempo”, Isaquias saiu de sua casa, na Bahia, com apenas 16 anos rumo a São Paulo para fazer parte da seleção brasileira. Meses depois, já mostrou seu potencial ao conquistar o título mundial júnior no C1 200 m. Agora, sonha uma medalha de ouro no Pan-Americano de Toronto, em 2015, e a consagração definitiva no Rio 2016:
— Quando subi no pódio da final do C 500 m no Mundial da Rússia, todo mundo estava gritando "Dos Santos", "Dos Santos". Se fora de casa já estava assim, imagino como vai aqui, com a arquibancada cheia. Em Londres eu vi toda a estrutura e acho que no Brasil será muito legal. Espero representar bem o país e ganhar a medalha de ouro