Encontros entre voluntários e crianças acontecem semanalmente
Divulgação/ Instituto Fazendo HistóriaCanetas coloridas, lápis de cor e papeis na mão. Com isso, os voluntários do Instituto Fazendo História ajudam a remontar a história de crianças abrigadas em um álbum de memórias. As páginas são preenchidas com informações que vão desde a rotina diária de cada uma delas até acontecimentos do passado. O trabalho tem como um dos objetivos ajudar os abrigados a ter uma experiência mais prazerosa enquanto estão afastados de suas famílias.
As crianças que estão no local, geralmente, se encontravam em alguma situação de vulnerabilidade e por isso estão longe de suas famílias. A maior parte delas irá voltar para suas casas assim que houver condições para tal, enquanto uma pequena parcela pode ser adotada.
Hoje, o programa conta com 600 voluntários. Simone Magalhães é um deles e faz o trabalho com duas crianças em São Paulo: um menino de dois anos e meio e uma menina de 14 anos. Para ela, o programa é cativante e importante para o desenvolvimento dos pequenos.
— Eu vejo o livro das crianças e penso que eu mesma gostaria de ter um, para lembrar tudo o que eu já vivi. Mas eu tenho minha família para me lembrar, enquanto essas crianças podem perder essa história.
A voluntária Maria do Carmo Passos também realiza encontros com uma adolescente, de 12 anos, e uma criança de cinco anos. Segundo ela, as dificuldades mudam de acordo com a idade do abrigado.
— Você vai tentando tirar o máximo que pode com sutileza, para a criança ter uma história para lembrar no futuro.
Os encontros com cada um dos abrigados acontece semanalmente e têm duração de uma hora. Simone conta que enquanto está com o bebê, eles brincam e ela escreve no álbum sobre o desenvolvimento da criança e o trabalho é focado na criação de vínculo. Já com a adolescente, a construção do álbum é feita pelas duas, mediada por literatura. Simone diz que a individualidade do encontro faz com que as crianças se sintam mais importantes.
— No abrigo tudo é coletivo. Quando o voluntário fica com a criança, é um momento individual e elas prezam por isso. A criança entende que é um momento especial.
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Maria do Carmo afirma que o contato com os abrigados é recompensador, principalmente ao presenciar momentos de felicidade na vida deles.
— Eu acho que as crianças gostam muito do álbum. Tem uma resistência na adolescência, por questionar tudo, mas no final é prazeroso.
Cuidados especiais
Simone conheceu o programa por meio de uma reportagem na televisão e decidiu fazer parte do grupo de voluntários. A experiência mostrou a ela que é importante ter alguns cuidados para que o voluntariado seja bem feito.
— Ao chegar no abrigo, você está visitando uma casa como qualquer outra. O voluntário tem que entender isso. É importante ter essa consciência, porque não pode parecer que é um passeio.
A coordenadora do programa Fazendo Minha História, Débora Vigevani, afirma que os voluntários precisam se comprometer e entender que estão fazendo parte do desenvolvimento das crianças e dos adolescentes ao se disponibilizarem em escutá-las.
— O vínculo com o adulto começa aos poucos. Esse voluntário está lá para ler livros, fazer registros no álbum sobre questões do presente. Ele vai se apresentando e vai sendo construído um vínculo, que é muito importante para esse trabalho.
Exemplo de página do álbum criado com ajuda de voluntários
Divulgação/ Instituto Fazendo HistóriaMaria do Carmo explica que o tempo constrói uma relação de amor entre o voluntário e a criança. Para ela, é importante que os encontros sejam prazerosos e que se respeite o tempo para a criação de uma relação.
— Ela sente que eu gosto dela, ela sente que eu me preocupo com ela. As crianças se sentem acolhidas.
Como participar
Os interessados em se tornar voluntário do programa Fazendo Minha História podem manifestar o interesse por meio do e-mail contato@fazendohistoria.org.br ou pelo telefone (11) 3021-9889. Há um processo seletivo para escolher quais candidatos possuem o perfil necessário para a realização do trabalho.
Em três encontros, com duração de três horas cada, o programa é apresentado e há divulgação de informações sobre legislação e serviços de acolhimento. Depois disso, são selecionados os aprovados. Estes serão encaminhados para as instituições parceiras para começar o voluntariado. O projeto funciona dentro de abrigos brasileiros conveniados ao programa.
* Giuliana Saringer, estagiária do R7.