Seleção brasileira feminina, sob comado de Zé Neto, chegou ao ouro no Pan
Alexandre Loureiro/COB - 11.8
Em maio de 2019, a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) tomou uma decisão radical. Às portas da convocação para os Jogos Pan-Americanos Lima 2019, o comando técnico da seleção brasileira feminina teria que ser reformulado. A solução foi chamar de volta ao Brasil o técnico José Neto, 48 anos, que acabara de encerrar um vínculo de trabalho no Japão.
O desafio do paulista de Itapetininga à frente do time era grande: não fazer feio na primeira competição importante da seleção: o Pan de Lima. Apresentado no dia 1º de junho, Neto já havia passado seu recado para os dirigentes da CBB e precisava fazê-lo com as jogadoras. ”Queria ter liberdade para criar uma metodologia. Queria trazer a experiência que eu tenho com o basquete masculino e mudar a mentalidade. Queria uma nova maneira de encarar o basquete de alto nível”, disse em sua apresentação.
O cenário que o treinador enfrentaria era de terra arrasada. Desde 1991 o Brasil não conseguia nada com o basquete feminino em jogos pan-americanos. Para piorar, em 2018 as meninas haviam caído no Sul-Americano para a Argentina depois de 34 anos hegemônicos. No ano anterior, 2017, elas amargaram o quarto lugar na Copa América. Antes de José Neto havia um recente nada.
Noventa dias depois de o treinador assumir, as jogadoras que acreditaram na nova metodologia estão no topo das Américas. O Brasil alcançou o ouro na competição feminina de basquete do Pan de Lima, derrubando na final o time sempre favorito dos Estados Unidos.
José Neto é dono de uma carreira vitoriosa. Em 2012 foi chamado para reformular o basquete do Flamengo. Na equipe carioca alcançou suas, até então, vitórias mais significativas. Foi quatro vezes campeão do NBB (Novo Basquete Brasil), o campeonato nacional; venceu uma Liga das Américas e uma Copa Intercontinental. Além do vasto currículo por clubes, ele ainda fez parte da comissão técnica da seleção masculina no Pan de Toronto, em 2015, quando o Brasil também conquistou o ouro.
O jornalista especializado em basquete Ricardo Bulgarelli, que comentou o torneio feminino para o PlayPlus, do Grupo Record, enaltece o trabalho do treinador. “Foi muito importante para o resgate do basquete feminino. Ele deu a cara pra bater. Aceitou um desafio gigantesco, não só na carreira dele, mas por nunca ter trabalhado no basquete feminino e também pelo momento delicado que a modalidade estava vivendo. O Brasil tinha batido no fundo do poço em relação ao feminino, por conta de humilhações recentes, com derrotas para equipes sem tradição no esporte, como uma para Ilhas Virgens, que atuou com algumas jogadoras de vôlei”, disse
Ao ser chamado pela CBB, disse ter tido mil pensamentos sobre as possibilidades que colocariam à sua frente. A 1001ª o surpreendeu: “Pensei em tudo. Mas a 1001ª possibilidade, que era dirigir a seleção feminina, me surpreendeu”. Dirigir as meninas no Pan foi sua primeira experiência com o basquete feminino. O mix deu certo e a parceria vai continuar.
Veja imagens da cerimônia de encerramento do Pan