Nativos do Mianmar, os jovens Shofika Begum and Saddam Hussein — de 18 e 23 anos, respectivamente — casaram-se em dezembro de 2017 em um assentamento de refugiados em Kutupalong, no estado de Cox's Bazar, em Bangladesh, na fronteira com seu país de origem *Tradução de Ana Luísa Vieira, do R7.
REUTERS/Marko Djurica/28.12.2017
Shofika e Hussein pertencem à etnia muçulmana dos rohingyas — que têm sido perseguidos pelo governo de Mianmar especialmente depois de agosto de 2017, quando forças de segurança birmanesas lançaram as últimas "operações de varredura" no estado de Rakhine, matando membros da etnia e ateando fogo a vilas inteiras onde vivia a população. Desde então, pelo menos 660.000 rohingyas fugiram de Mianmar para Bangladesh
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No casamento rohingya, as mãos da noiva são cobertas com desenhos de henna, enquanto o noivo é perfumado. Os convidados dançam toda a noite numa tenda colorida. Shofika e Hussein planejavam se casar desde antes do início da crise dos refugiados em Mianmar
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A situação humanitária dos rohingya em Mianmar é tão grave que a Anistia Internacional divulgou uma ação global afirmando que a etnia vive no país um sistema de discriminação aprovada pelo Estado — o que configura apartheid. A própria Organização das Nações Unidas reconhece que os rohingya são vítimas de limpeza étnica
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Antes de fugir para Bangladesh, os noivos viviam no vilarejo de Kha Maung Seik em Mianmar. A aldeira é conhecida como Foira Bazar pelo seu mercado local, que conta com cerca de mil lojas
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Saddam — que nasceu em uma família de comerciantes no Mianmar — contou à agência Reuters que fugiu para Bangladesh depois que as casas de seus parentes foram incendiadas pelos militares birmaneses. Ele chegou a perder o contato com Shofika por algumas semanas após sua fuga, mas os dois puderam se reunir no campo de refugiados em Kutupalong
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Na cerimônia de casamento, um líder muçulmano realiza as orações e oficia os rituais em pequena barraca decorada com cobertores coloridos. Apenas homens participam dessa parte de celebração
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A noiva Shofika passa parte do casamento em uma barraca separada junto com algumas parentes. A festa começa pouco depois, com uma grande refeição servida em uma grande barraca para 20 convidados por vez — neste caso, o banquete incluíu carne bovina e curry
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Durante a refeição, os homens são servidos primeiro, depois as mulheres, e por último as crianças. "Pelo menos aqui não precisamos pagar", afirma Hussein. No Mianmar, a administração local da vila onde o casal morava cobraria o valor equivalente a 370 dólares americanos pela celebração do casamento
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Shofika e Hussein fazem planos para o futuro, mas revelam algumas incertezas diante da realidade em Mianmar. "Queremos ter filhos, mas primeiro precisamos saber se ficamos aqui em Bangladesh ou voltamos. Eu só retornaria se recebermos a nacionalidade de Mianmar"