Síndico entrega à polícia documento que indica vistoria em marquise este ano
Hélvio Romero/Estadão ConteúdoO síndico do condomínio em que caiu uma marquise, nos Jardins, na zona oeste de São Paulo, na noite da quarta-feira (13), entregou à polícia um documento com uma vistoria que teria sido realizada neste ano por um engenheiro. De acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), o documento foi anexado ao inquérito policial e será analisado.
De acordo com a Polícia, o sindíco também prestou depoimento na quinta-feira (14) e afirmou que uma empresa foi contratada para realizar a análise estrutural do imóvel em junho deste ano. Na época, o engenheiro teria atestado que o edíficio estava em boas condições. Entretanto, segundo eles, alguns reparos foram solicitados.
O engenheiro também será ouvido nos próximos dias. Segundo a Polícia Civil, porém, ainda é cedo para apontar as causas do acidente.
Representantes do Conselho Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo) foram ao local e acompanham de perto as ações da perícia e do Corpo de Bombeiros. O caso é investigado pelo 78º DP, nos Jardins.
Leia mais: Jovens atingidos por marquise eram amigos e celebrariam aniversário
Por meio de nota, o órgão lamentou e afirmou que se solidariza com familiares e vítimas do acidente ocorrido na noite da quarta-feira (13). O Crea-SP ressaltou ainda a importância do cumprimento das normas vigentes e manutenções prediais periódicas.
Jovens atingidos
O jovem João Tess Portugal, de 18 anos, deu entrada no Hospital Sírio-Libanês na noite de quarta-feira (13), após ser ferido em consequência da queda da marquise do prédio localizado na rua Bela Cintra. Por meio de nota, o hospital afirmou que "além de escoriações leves, ele teve fraturas costais do quarto ao oitavo arcos costais direito, sem necessidade de intervenção, e também no tornozelo esquerdo."
Durante a madrugada, o jovem passou por cirurgia no tornozelo. O hospital afirmou também que, entre segunda e terça-feira, ele passará por nova cirurgia para correção definitiva da fratura. João está internado na UTI pediátrica e ainda não há previsão de alta.
A Prefeitura de São Paulo informou que, segundo o Código de Obras e Edificações, o proprietário é responsável pela manutenção das condições de estabilidade, segurança e salubridade do imóvel. A subprefeitura Pinheiros, por sua vez, informou que não há registro de obras recentes no prédio situado no Jardins.
A administração municipal disse ainda que as obras que interferem na estrutura de edificações precisam de autorização do poder público.
Entenda o caso
Um jovem, de 17 anos, morreu e o amigo ficou ferido após a marquise de um condomínio cair sobre eles, por volta das 19h desta quarta-feira (13), na Rua Bela Cintra, 1.786, no Jardins, zona oeste de São Paulo. O rapaz ferido é morador do edifício.
Um funcionário do Condomínio Vila América informou que Thiago Nery Qualiotto, de 17 anos, era amigo do morador do prédio João Tessa Portugual, de 18 anos, e que os dois estavam em frente ao condomínio quando a marquise, de 15 metros de comprimento, cedeu. Thiago morreu no local. Já João foi socorrido ao Hospital Sírio Libanês, onde permanece internado.
O garçom de um restaurante ao lado do imóvel, Diego Apolinário, contou que ouviu um estrondo e saiu para verificar o que havia ocorrido. Foi quando viu uma fumaça saindo do prédio. Ele imaginou que o edifício havia caído, mas depois percebeu que foi apenas a marquise.
Quem passava pela rua, no momento da tragédia, tentou ajudar o outro jovem, que estava preso debaixo dos escombros. João Tessa foi resgatado pouco tempo depois pelos bombeiros. Ao todo, seis equipes do Corpo de Bombeiros trabalharam no resgate das vítimas.
Segundo parentes de João, ele estava consciente quando foi socorrido e passou por uma bateria de exames. Sergio Bianco, tio do rapaz, contou que João estava completando 18 anos e que a família o aguardava para comemorar o aniversário, quando recebeu a notícia da tragédia.
Depois que a estrutura cedeu, a entrada principal do edifício foi interditada e só deve ser liberada após a marquise ser retirada do local. De acordo com a Defesa Civil, a estrutura do prédio não foi comprometida, porém, a análise preliminar da cobertura encontrou alguns problemas.
Ainda de acordo com a Defesa Civil, provavelmente, a marquise estivesse comprometida por algum tipo de infiltração. Foram constatadas algumas manutenções feitas de forma precária.
Uma avaliação será feita por um engenheiro e por agente vistor. Não houve necessidade de que os moradores do condomínio deixassem suas residências, por conta da queda da marquise.
Apesar das infiltrações, os moradores do prédio não tinham queixas sobre falta de manutenção e relataram que era comum que alguns deles ficassem debaixo da marquise esperando por táxi ou apenas conversando.
João e Thiago eram amigos, cursavam o terceiro ano do ensino médio na mesma escola e estavam se preparando para o vestibular. O corpo de Thiago foi encaminhado ao IML Central, de onde foi liberado no início da manhã desta quinta-feira (14).