Estudo mostrou que 1 em 59 crianças tem autismo
Getty ImagesUm relatório do Centro de Controle de Doenças (CDC) divulgado nesta quinta-feira (26) mostra um aumento significativo na porcentagem de crianças com transtorno do espectro do autismo (TEA) nos Estados Unidos.
O estudo revelou que 1 em 59 crianças tem autismo, o que corresponde a um aumento de 15% em relação aos últimos dois anos, data da pesquisa anterior.
O levantamento foi realizado em 11 estados norte-americanos com 300 crianças de 8 anos, o que representa 8% das crianças desta idade nos Estados Unidos.
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Os estados analisados foram New Jersey, Arizona, Arkansas, Colorado, Geórgia, Maryland, Minnesota, Missouri, Carolina do Norte, Tennessee e Wisconsin.
De acordo com a pesquisa, a taxa mais alta foi registrada em Nova Jersey - 1 em 34, o que representa um aumento de 19% em relação a 2016.
A taxa nacional de autismo da população infantil é de 1,7%, enquanto a de Nova Jersey é de 2,9%. A taxa nacional anterior, de 2016, mostra prevalência de 1,5%, ou 1 em 68 crianças.
Quatro vezes mais comum em meninos
A pesquisa mostrou que o autismo é quatro vezes mais comum em meninos do que meninas e mais frequente em crianças de etnia branca do que afrodescendente e de origem hispânica.
“A prevalência de autismo entre crianças afrodescendente e de origem hispânica se aproxima da das crianças brancas. Isso pode ser devido a um alcance mais efetivo nas comunidades minoritárias”, afirmou Stuart Shapira, diretor associado de ciência do Centro Nacional de Defeitos Congênitos e Deficiência do Desenvolvimento do CDC, em nota.
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Um dos autores do estudo, o professor Walter Zahorodny, da Faculdade de Medicina da Rutgers New Jersey, afirmou em comunicado da faculdade que, embora as estimativas não sejam representativas do país como um todo, são referências da prevalência do autismo.
Influência de fatores ambientais
O estudo não conseguiu explicar por que as taxas de autismo estão aumentando nos Estados Unidos. São citados como fatores associados a um maior risco de autismo a idade avançada dos pais (a partir dos 30 anos, sendo que quanto mais velhos, maior o risco), doença materna durante a gravidez, mutações genéticas, nascimento antes da 37ª semana de gestação e nascimento de múltiplos.
Zahorodny afirmou que esses são os fatores que estão exercendo influência, mas não são suficientes para explicar a alta taxa de prevalência do autismo. Segundo ele, ainda existem riscos ambientais indefinidos que contribuem para esse aumento significativo.
“Fatores que podem afetar a criança em seu desenvolvimento dentro do útero ou relacionados a complicações no parto ou ao período neonatal. Precisamos de mais pesquisas sobre gatilhos não-genéticos para o autismo”.
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Ainda segundo o comunicado, crianças que são diagnosticadas precocemente respondem melhor ao tratamento. A idade média de diagnóstico, aos 4 anos, não mudou nos últimos 15 anos.
De acordo com o relatório da CDC, embora em 85% dos casos os pais já tivessem percebido que seus filhos pudessem ter autismo aos 3 anos, apenas 42% das crianças receberam uma avaliação de seu desenvolvimento nesta idade.
Essa defasagem entre a primeira preocupação e a primeira avaliação pode afetar o desenvolvimento dessas crianças, ainda segundo a CDC.
Estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo tenham autismo, sendo 2 milhões delas no Brasil.