-
Sidy quer trazer a família. Ahmad quer trabalhar na sua área. Jornalista do R7 mergulha nos sonhos dos estrangeiros que chegaram ao Brasil em busca de uma vida melhor
Reportagem: Erika Omori, do R7Montagem
-
São 17h27 e os homens sobem as escadas da mesquita do Pari às pressas. Eles retiram os sapatos e chinelos, guardam em uma prateleira e se preparam para mais uma oração do dia
Eduardo Enomoto/R7
-
Prostrados, sírios, egípcios e bengalis se concentram para o momento. Do lado de fora, mulheres e crianças se dirigem para o terceiro andar, para mais uma aula de português
Eduardo Enomoto/R7
-
Enquanto a aula (ministrada por voluntários) não começa, as crianças se divertem com joguinhos...
Eduardo Enomoto/R7
-
Ou no caso da pequena Yara, de nove anos, a diversão é brincar e posar para o fotógrafo do R7
Eduardo Enomoto/R7
-
Ahmad, refugiado sírio, de 28 anos, está no Brasil desde dezembro. O jovem decidiu deixar o país após saber que seria convocado para servir o Exército: “Se ficasse, teria que matar meu povo”.
Graduado em engenharia biomédica, Ahmad se dedica às aulas de português e ajuda os voluntários e refugiados traduzindo as dúvidas do árabe para o português, e vice-versa. Aqui, ele quer revalidar seu diploma para trabalhar em sua área de formação. Enquanto não pode atuar como engenheiro biomédico, ele se esforça em uma loja que vende calças jeans, no BrásEduardo Enomoto/R7
-
De acordo com dados do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados) o Brasil conta, atualmente, 5.208 refugiados de 80 nacionalidades distintas. De 2010 a 2013, o número de pedidos de refúgio no País aumentou mais de 800%, pulando de 566 para 5.256 (até dezembro de 2013).
No mundo, segundo a UNHCR (Agência da ONU para refugiados) há 51,2 milhões de refugiados. O total é o maior desde a Segunda Guerra MundialEduardo Enomoto/R7
-
O casal Noura e Younes, ambos de 28 anos, também veio de Damasco e está há 4 meses no Brasil. Atualmente vivem no bairro paulistano da Mooca, e também trabalham em uma loja de jeans
Eduardo Enomoto/R7
-
Durante uma pausa no curso de português, Younes conta que chegou aqui “sem trabalho, sem casa e sem dinheiro”. Mas já sonha com um futuro melhor no Brasil: “Eu quero a nacionalidade brasileira”, revela. Já sua mulher Noura deseja “trabalhar na minha área: contabilidade”
Eduardo Enomoto/R7
-
Ghazal, 30 anos, veio perguntar o que fazíamos na mesquita. Após a explicação ela se ofereceu para participar e chamou sua família: o marido Talal, 41 anos, o filho Riad, 12, e Yara, 9 anos.
No Brasil desde dezembro de 2013, a família se divide entre as aulas de português, a escola das crianças, e a correria nos empregos. Às 3h da madrugada, o engenheiro mecânico Talal abre a banquinha que conseguiu no shopping Voltier. Às 7h, a ex-dona de casa Ghazal assume o posto. Enquanto isso, o marido corre para o segundo emprego em uma empresa de engenhariaEduardo Enomoto/R7
-
O que sonham no Brasil? Talal quer a nacionalidade brasileira. Ghazal tem o sonho da maioria dos brasileiros: “Eu quero minha casa”. O desejo de Riad não é bem para ele: “Eu quero um carro para meu pai”.
Já Yarinha sonha em... “Aparecer na televisão”Eduardo Enomoto/R7
-
Perguntado sobre a possibilidade de falar com mais algum refugiado, o empresário Amer Masarani, 43 anos, membro da Liga da Juventude Islâmica, quis também registrar o seu sonho.
No Brasil há 18 anos, o sírio, que dedica grande parte do seu tempo ajudando os refugiados do seu país, pensa por um instante e diz: “Queria uma maneira de dizer que as pessoas resgatassem o verdadeiro valor humano. Nós o perdemos”.
No final, escreve: “Gostaria que as pessoas se respeitassem e acabasse a discriminação”Eduardo Enomoto/R7
-
Em seguida, Masarani foi solicitado para decidir onde acomodar a doação de uma tonelada de alimentos arrecadada pelas alunas do time de handebol da Escola Islâmica do Brasil
Eduardo Enomoto/R7
-
Segundo a arquiteta Mariam Charif, 24 anos, ex-aluna da escola, a equipe aproveitou o campeonato de handebol para arrecadar os mantimentos.
Animadas, as meninas já se mobilizam para conseguir mais alimentos entre outros produtos, para mais doaçõesEduardo Enomoto/R7
-
A mesma atividade é repetida no curso de português do Adus (Instituto de Reintegração do Refugiado – Brasil). É sábado, e a sala de aula está cheia (imagem). Angolanos, congoleses, haitianos, sírios, palestinos, paquistaneses, bengalis, todos se concentram nos exercícios
Erika Omori/R7
-
No Haiti, Adler Aristilde, 41 anos, dava aulas de francês, era vendedor e músico. Há dois anos no Brasil, o agora ajudante (não explicou ajudante do quê) pretende trazer a família para o País.
“Sou haitiano, meu nome é Adler Aristilde e gosto de trabalhar no Brasil. Sou bom trabalhador e ganho pouco dinheiro porque sou ajudante. Meu objetivo é fazer um curso profissional para ganhar mais dinheiro e trazer minha família. Mas trazer minha família é muito difícil. Preciso de ajuda de gente boa. E quem ajudar, Deus também vai ajudar. Obrigado!”Erika Omori/R7
-
Curioso, Taher pergunta para o colega sobre o que fazíamos com os cartazes. Em seguida perguntou se poderia participar. Munido de cartolina e pincel atômico, o jovem, que como a maioria não quis revelar o sobrenome, correu para escrever seus sonhos aqui no Brasil: “Eu gostaria de viver pacificamente. Eu gostaria de estudar medicina na universidade. Eu gostaria de ter minha própria casa. Eu gostaria de ter meu próprio carro. Eu gostaria de ter minha própria escola infantil. Obrigado, Brasil”
Erika Omori/R7
-
O oftalmo Gulzar Hussain também se ofereceu para participar. Articulado, o paquistanês que está há sete meses no Brasil fez uma listinha do que gostaria de realizar no País.
“Eu sou muito grato pelo Brasil proteger a vida. Eu desejo trabalhar para os brasileiros e desempenhar um papel positivo para o desenvolvimento da comunidade. Desejo ter minha própria casa no Brasil. Desejo estudar medicina e desenvolvimento comunitário. Eu gostaria de montar uma organização para ajudar os desprovidos, comunidade marginalizada e os refugiados. Eu desejo trabalhar para o Brasil, viver no Brasil. Eu sinceramente desejo e nós rezamos para que o Brasil ganhe a Copa do Mundo 2014”Erika Omori/R7
-
No finzinho da aula conseguimos falar com o tímido Sidy Diallo, de 27 anos. Há seis meses no Brasil, o jovem conta que era estudante de francês em seu país de origem, o Mali.
Aqui, Sidy conseguiu uma oportunidade como pintor. “O que eu sonho no Brasil?”. Pensativo, o malinês escreve seus desejos em francês: “Eu sou um refugiado no Brasil, eu vou trabalhar para trazer minha família. Eu quero trazer minha família para perto de mim, para eu protegê-la. Obrigado Brasil, por me acolher”Erika Omori/R7