Objetivo das entidades é ajudar mil pessoas, além dos vistos
Reprodução/Facebook/Sant'EgidioChegaram sãos e salvos. Encerrou-se assim a fábula dos imigrantes levados para a Itália através dos corredores humanitários. Passou pouco mais de um das primeiras chegadas e agora, longe de bombas e campos de refugiados, o que lhes preocupa é apenas a gramática a ser aprendida e um trabalho fixo.
A fábula tornou-se realidade para 791 pessoas, sobretudo sírios, que desembarcaram em um tapete vermelho especialíssimo. São homens e mulheres atingidos pela guerra e pelo desespero e que foram colocados de volta à normalidade na comunidade católica Sant'Egídio e pela Federação das Igrejas Evangélicas.
O objetivo é ajudar mil pessoas, além dos vistos, e demonstraram que eles podem morar na Europa. Mas difícil, na verdade, é permanecer ali. Para muitos, não há oportunidades de trabalho - ou há apenas vagas temporárias ou coisas muito diferentes do que eles sabem fazer. A estrada para a integração é ainda longa. Inquietos, praticamente todas as crianças vão para a escola.
Duas delas estavam nas barrigas de suas mães quando chegaram - já Obaida será o primeiro a nascer ali.
— Hamza e o filho que chegará: Eles pegaram o que tinham, colocaram em uma bolsa e assim viram a segunda chance de uma nova vida em um voo para Fiumicino, em Roma. Depois, desfizeram a mala e lentamente o que estava dentro foi retirado e espalhado pela casa onde moram hoje.
Eles estão entre os quase 800 imigrantes que, graças ao projeto de corredores humanitários gerido pela primeira vez pelo governo italiano e pela comunidade Sant'Egídio. Eles deixaram a Síria e o Líbano correndo o risco de morrer em um barco, mas com a possibilidade de pedir asilo.
Os primeiros 93 chegaram em 29 de fevereiro de 2016 e não esperavam tantos flashes no aeroporto.
Um ano depois, a integração procede, mas não é um conto de fadas. Foram recebidos em uma realidade que até para os italianos, às vezes, é incerta: para todos, o principal pensamento é o trabalho. Difícil de encontrar e difícil de ultrapassar a ideia de poder recomeçar desde a última parada, antes da guerra, como se Aleppo, Roma ou Turim fossem estúdios diferentes para os mesmos sonhos e desejos.
Essa foi a ideia que atingiu Hamza, 29 anos, quase a metade deles passados trabalhando em uma padaria de Homs, na Síria. Em Roma, fez um curso para pizzaiolo. "Eu gosto de fazer pão ou pizza, mas se encontrar outro trabalho, é melhor", disse em seu italiano de verbos no infinitivo.
Antes de partir, imaginava a Itália belíssima. "E é assim mesmo", disse entre sorrisos. Mas, lembra que há muitos procurando emprego. "Na Itália, tem a tunísia [sic], marrocos [sic], africanos, há muita gente e para o trabalho isso não é bom, isso é muito ruim", falou.
Mas, ele não perde a esperança, especialmente, porque agora virá mais um filho e sua esposa está no oitavo mês de gestação.
Depois de Rafah, 2 anos, esperam um menino que se chamará Obaida. "Em árabe, Obaida significa forte e só sendo forte assim", disse levantando os braços para mostrar força.
Com Hamza, há seu pai e dois irmãos. Um é Dyia, 12, que usa óculos fundos e tem uma prótese na perna - que perdeu em uma explosão na Síria. Moram todos juntos em um único apartamento, a poucos passos do município de Pomezia.
— Na casa de Mahmoud, entre café e judô: São cinco pessoas na casa de Mahmoud em Campoleone, entre Roma e Latina. A casa que eles tinham em Homs, na Síria, era maior e tinha sido pintada de branco por ele mesmo. "Mas, essa aqui é segura", repete e sorri.
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Na cozinha, está Issam, sua esposa que enche novamente a "moka" porque descobriu o café italiano. Ela tinha encontrado um estágio em um local de refeições e assim podia ficar com seu véu, dado que é muçulmana. Mas, demorava muito para ir e voltar ao local e decidiu ser "apenas" mãe por enquanto.
Os três filhos vão para a escola. O maior, de 11 anos, pratica judô e os olhos de Mahmoud brilham quando mostra as medalhas que o menino conquistou. Duas horas para uma arte marcial que ele nunca tinha praticado.
Já Mahmoud tem, por enquanto, um contrato com a Procter & Gamble. "Eu gosto. Coloco as tampas nas embalagens de shampoo e sabão. Está tudo bem assim, não tenho problema com o trabalho. Mas preciso encontrar um emprego sem tempo determinado e para a vida na Itália porque tenho três filhos", diz o sírio.