Zema foi entrevistado por Eduardo Costa
Fagner Vilela / RecordTV MinasCom discurso focado em reformas econômicas, Romeu Zema, candidato ao Governo de Minas Gerais pelo Partido Novo, declarou que a última coisa que quer para os filhos é “que venham viver em uma Venezuela”. Nesta sexta-feira (31), o empresário foi o quinto convidado na série de entrevistas que a RecordTV Minas promove com os postulantes ao cargo de chefe do Executivo Estadual.
Durante sua participação, Zema defendeu corte de impostos, de cargos públicos, além da diminuição do número de deputados e vereadores. Para ele, uma solução viável para a recuperação dos cofres do Estado e geração de emprego passa pela privatização do máximo possível de serviços públicos.
Aos 53 anos, dono de lojas de eletrodomésticos, locadora e concessionária de veículos, financeira e distribuidora de combustível, Zema concorre pela primeira vez a um cargo público. Perguntado o motivo de ingressar na política, o empresário diz que deseja melhorar a situação do Estado.
— Bom, o motivo de eu estar aqui hoje e não está lá na minha Araxá, na minha casa, com uma vida muito mais confortável, acho que tem muito a ver com essa indignação que todos nós mineiros temos tido. Minas Gerais tem perdido sua relevância no Brasil. Nos últimos 20 anos, nossa participação na economia caiu muito. Nossos últimos governadores, um está preso, o outro está sendo processado e o atual vai responder processos assim que sair e tiver o fim do foro privilegiado. Eu vejo que durante a minha vida, eu que abri mais de 430 lojas em todo Estado de Minas Gerais, que conheço muito bem esse Estado, eu falo que conhece ele melhor do que eu são os caminhoneiros, nunca pensei em entrar na política. A minha vida sempre foi distante. É a minha primeira eleição e eu nunca tive cargo público. Agora, eu tive esse convite e acabei sendo chamado pelo Partido Novo e acabei aceitando. Vale lembrar que eu tenho filhos também e a última coisa que eu desejo para eles é que venham viver em uma Venezuela.
O Partido Novo lança a candidatura ao governo do Estado sem coligações com outros partidos. A situação deixa a campanha mais livre para tomada de decisões, mas dificulta a governabilidade por uma possível falta de apoio. Questionado sobre o assunto, Zema defendeu é possível se eleger sem os conchavos devido a suas propostas.
— Eu diria que sim. Nós temos propostas muito melhores do que os outros partidos. Eu diria que as outras candidaturas são candidaturas “Frankenstein”. É uma série de remendos e interesses na mesma candidatura. A nossa não. Nós temos propostas para o mineiro. Esses que estão à frente na pesquisa até o momento, caso venham a assumir o governo de Minas Gerais, eles já vão assumir com o rabo preso com uma série de cargos loteados e coisas definidas que não são positivas para a população. Nós não. Nós vamos vir aqui com propostas que vão beneficiar a população. Nós somos um partido, eu diria leve, livre e solto. Vamos contratar para gerenciar o Estado e estar a frente das secretarias aqui em Minas aqueles que são os melhores. E não aqueles que por algum interesse estariam nos apoiando nesse momento.
Zema declarou em seus discursos que, caso eleito, não pretende morar no Palácio da Liberdade, tradicional residência dos governadores do Estado. Outra proposta apresentada por ele é a privatização do maior número de serviços públicos como hospitais, sistema prisional, abastecimento de água e energia. Na entrevista, o candidato afirmou que pretende segui com os planos.
— Sim. Eu quero lembrar que eu quero ser o primeiro governador de Minas que vai morar na sua própria residência. Aqui no Brasil e Minas, incluído, os políticos esqueceram que a monarquia já acabou há 130 anos e ainda querem mordomias, privilégios, palácios e motoristas. Nós temos que acabar com isso. Nós temos hoje um Estado falido que não consegue sustentar esse tipo de coisa.
Desde o ano de 2016, servidores do Estado têm recebido o salário parcelado e com atraso. A equipe do atual governado, Fernando Pimentel (PT), alega que é por falta de verba no caixa. Perguntado sobre como criar empregos em um Estado endividado, Zema defendeu desburocratização da legislação.
— Pagando impostos, eu consegui criar mais de 5.000 empregos. Na hora que eu estiver do outro lado do balcão, recebendo impostos, eu quero fazer muito mais. Eu sou empresário e sei o tanto que o Estado atrapalha na questão de se criar empregos e tocar uma empresa. Para quem trabalha, muitas vezes, é um excesso de leis, de regulamento. Então eu quero rever isso tudo, desburocratizar, reduzir as exigências que são demais e, com isso, nós vamos atrais mais empresas para Minas Gerais. Eu quero, em vez de criar alguns milhares de empregos, criar milhões de emprego. Eu tenho condição de fazer isso.
Grupos de empresários reclamam de falta de incentivo tributário, enquanto grandes firmas aparecem envolvidas em escândalos com benefícios irregulares. Zema criticou a situação que segundo ele, “acaba distorcendo a concorrência”.
— Esse é um problema. Hoje, pelo que me consta, amigos do rei têm um privilégio enorme, recebem incentivos fiscais devido a terem acesso ao rei. Na minha opinião, nós devemos tratar todos igualitariamente. Se um determinado setor recebe incentivo, que todos sejam tratados da mesma forma e não apenas um grupo de empresa porque, assim, acaba distorcendo a concorrência. Nós vamos ter que reduzir impostos em Minas Gerais porque hoje qualquer um que atravessa a divisa com São Paulo vai encontrar do lado de lá uma gasolina, pelo menos, R$ 1 mais barata. Isso é um absurdo. O que aconteceu em Minas? Todos os postos que estão do lado mineiro, próximos à divisa com São Paulo, estão fechando as portas. Então, é uma distorção gigantesca. Eu questiono se esse aumento de imposto no combustível causou aumento de arrecadação. A quantidade de gente que atravessa a fronteira para ir abastecer e o que deixou de pagar de impostos de Minas e de deixar de gerar emprego, talvez não esteja compensando esse aumento.
Conhecido pelas propostas de corte de gastos na máquina pública, o candidato Romeu Zema defendeu que consegue colocar o plano em ação, sem piorara a qualidade dos serviços que já são deficientes.
— Com certeza. Nós não cortar médico, professor e policiais. Eu quero cortar é assessor. Eu gostaria de diminuir o número de deputados que, na minha opinião, não precisa de tantos. O número de vereadores nas cidades que também não precisamos. É gente demais em alguns setores para não fazer nada. Vamos pegar o caso de Belo Horizonte. Cada vereador tem 21 assessores. Eu costumo brincar que deve ter assessores para acompanhá-los ao banheiro e passar o papel higiênico.
Questionado sobre o sistema prisional mineiro, o candidato afirmou que vai trabalhar para expandir o número de unidades das Apacs (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados) no Estado.
— Sim. A Apac, pelo que eu já visitei, é uma excelente alternativa. Ela custa muito menos para o Estado, cerca de um terço de um presídio tradicional. O índice de ressocialização dos presos é muito superior ao dos presídios. Ela, ainda, tem a vantagem de poder ter a participação da iniciativa privada, trazer emprego e qualificação para essas pessoas que estão, ainda, sob liberdade vigiada. Com isso, o Estado só tem a ganhar. Infelizmente, muito provavelmente por motivos políticos, elas estão restritas a poucas unidades no Estado.
São comuns os relatos de brasileiros com aversão à classe política, mesmo o assunto sendo algo inerente ao ser humano. Perguntado se o sistema é tão “sujo” parece nas críticas, Zema revelou que sua candidatura tem sido tranquila, mas que já passou por problemas.
— Até esse momento da campanha, parece que a coisa tem fluido razoavelmente bem. Mas eu já vi coisas e já fui em alguns lugares no interior, onde nós tínhamos palestras públicas confirmadas, e de última hora, alguém ligou e falou que não ia ter mais. Alguém da concorrência. Então você percebe claramente que tem jogo sujo envolvido sim. Isso na iniciativa privada nunca aconteceu. Eu nunca tive uma palestra cancelada meia hora antes. Já aconteceu algumas vezes. Interferências dos poderosos.
Zema afirmou ainda que acredita que a situação pode piorar no decorrer da campanha.
— Com certeza porque nós temos crescido e incomodado cada vez mais. Então é muito provável que eles vão continuar lançando bala em nós e mandando pedra.
Todos os convidados da série de entrevista da RecordTV Minas concluem a participação apresentando as razões de quererem ser eleitos. Zema defendeu que ele é a via para solucionar os problemas criados pelos velhos políticos.
— Eu gostaria de pedir que os eleitores conheçam a minha pessoa Romeu Zema. Estou nas redes sociais. E conheçam também o Partido Novo. Eu estou aqui hoje pelo seguinte: os mesmos políticos de sempre não vão resolver os nossos problemas. Eles já estão aí há mais de 20 anos e você sabe. Nós precisamos de alguém de fora para poder fazer a diferença. Quem inventou a lâmpada elétrica há 130 anos não foram os fabricantes de vela, foi alguém de fora. É necessário alguém de fora para resolver os problemas. Quem criou os problemas não consegue resolver os problemas. Somente alguém que não está envolvido, que tem uma perspectiva diferente, é que vai conseguir reinventar esse Governo, que tanto precisamos.
A RecordTV Minas realiza uma série de entrevistas com candidatos ao governo do Estado, de 27 de agosto a 6 de setembro, às 8h, no programa MG no Ar, apresentado pelo jornalista Eduardo Costa. A ordem dos convidados foi definida em sorteio realizado na sede da emissora, com a presença de seus assessores.
Confira as datas dos demais candidatos:
03/09 - Jordano Metalúrgico (PSTU)
04/09 - Adalclever Lopes (Coligação Minas Tem Jeito - MDB, PROS, PV, PDT, PRB e Podemos)
05/09 - Claudiney Dulim (Avante)
06/09 - Alexandre Domingues (PCO)
Veja as entrevistas que já foram ao ar:
27/08 - Fernando Pimentel (Coligação Do lado do Povo - PT, PcdoB, DC, PR, PSB)
28/08 - Dirlene Marques (Coligação Frente Minas Socialista - PCB, PSOL)
29/08 - João Batista Mares Guia (Rede Sustentabilidade)
30/08 - Antonio Anastasia (Coligação Reconstruir Minas - PSDB, PSD, Solidariedade, PTB, PPS, PMN, PSC, DEM, PP, PTC, Patri e PMB)
Veja a íntegra da entrevista de Romeu Zema: