Quem é que briga pelo direito da maioria?
Foto: Ingo Joseph/Pexels.comA bola da vez dos politicamente corretos é “lutar” pelos direitos das minorias. Porém, muitos têm levantado bandeiras só para ficar bem na foto. Puro oportunismo!
Muito se fala, por exemplo, sobre o casamento homoafetivo e o direito à união oficial entre pessoas do mesmo sexo. A impressão que dá é que a pauta trata de algo que precisa ser resolvido urgentemente para que haja igualdade de direitos, não é mesmo? Mas, o que pouco se fala é que, desde 2013, a resolução nº 175/2013 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) obriga os cartórios a formalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
E mais: o Supremo Tribunal Federal (STF) reconhece a união de pessoas do mesmo sexo como núcleo familiar desde 2011. Outra coisa que pouco se fala é que, apesar do direito assegurado, o percentual de casamentos homossexuais é minúsculo, segundo dados do IBGE. Inclusive, houve queda nos registros de 2015 para 2016. Ou seja, um assunto que ocupa tanto as discussões dos politicamente corretos já foi resolvido e, segundo números oficiais, não chega a atingir meio porcento do total de casamentos. Veja o quadro:
Houve queda no número de casamentos homoafetivos de 2015 para 2016
ReproduçãoA queda nos registros contraria as expectativas dos pesquisadores que, no momento, apontam a crise econômica como vilã da baixa procura, afinal, “casar é caro”. Apesar disso, a previsão é de que não haja alta no índice, que deve se estabilizar em 0,4%. Tanto barulho para atender menos de meio porcento da população e que, apesar de já estar amparada pela lei, continua “lutando” pelo que já conseguiu...
Mas, e quanto às questões da maioria? O que fazer quando um hospital nega atendimento de urgência e não há tempo para a lentidão dos processos legais? A cada cinco minutos, três brasileiros morrem em hospitais por falhas que poderiam ser evitadas, segundo o Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil. São cerca de 829 mortes por dia, quase 25 mil por mês, mais de 302 mil por ano. Detalhe: a estatística trata apenas de falhas evitáveis, não incluindo falta de atendimento, negligência etc.
Mas essa é uma pauta ultrapassada, não é mesmo? Vamos revirar o que já está resolvido, pois os problemas reais são muito complicados! Dar jeito no transporte público — que não garante o direito de ir e vir — é muito difícil. Combater a violência é enxugar gelo, então vamos colocar a culpa em alguém, subir nossos muros, gradear nossas janelas e tocar o barco.
E o que fazer com um aluno que sai do ensino fundamental sem saber interpretar um texto? Melhor distrair todo mundo discutindo sobre a inclusão de ideologias diversas (que são apenas ideias e não ciência) porque garantir o ensino não está fácil. Além disso, inclusão e diversidade são palavras tão lindas... vamos deixar o mundo mais leve!
E, assim, caminhamos para um país que oferece cada vez menos e que se aprimora dia a dia na arte de maquiar os verdadeiros problemas. Afinal, o que importa não são as questões da maioria, mas sim, o barulho que a minoria consegue fazer.
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