A situação da Argentina é semelhante à de uma pessoa que tem dívida no cartão de crédito e que não consegue negociar, com o banco, uma redução da dívida. Assim como um devedor comum, o país pode acabar não pagando nada.
Prazo para acordo entre Argentina e fundos abutres termina sem acordo
Entenda a situação:
Como começou o problema?
No início dos anos 2000, a Argentina passou por uma grave crise e deixou de pagar suas dívidas. Parte dessa dívida estava em títulos
O que são títulos?
Os títulos são oferecidos a credores internacionais, em troca de dinheiro, como garantia de pagamento futuro
O que aconteceu com os títulos não pagos?
A partir de 2005, a Argentina procurou os credores e ofereceu quitar a dívida por um valor inferior ao do papel. O país oferecia algo parecido com o que fazem pessoas que negociam com bancos dívida no cartão de crédito: pagar um valor menor e ter o resto da dívida perdoada.
Os credores aceitaram a proposta da Argentina?
Quase todos. Cerca de 92% dos credores aceitaram a negociação, mas 8% não aceitaram.
E o que fizeram os credores que não aceitaram?
Os 8% que não aceitaram a negociação da dívida venderam os títulos para os chamados “fundos abutres”. Os “fundos abutres” são especializados em comprar papéis de dívidas não pagas e exigir, na Justiça, o pagamento.
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E a Argentina foi derrotada na Justiça?
Sim, em junho, um dos “fundos abutres” conseguiu uma decisão favorável na Suprema Corte dos Estados Unidos. Com isso, a Argentina teria de pagar R$ 3 bilhões ao fundo, considerando os juros.
A Argentina consegue pagar isso tudo?
Em princípio, o país tem reservas para efetuar o pagamento. Mas outros fundos também buscam, na Justiça americana, o pagamento da dívida — o que pode fazer o valor se multiplicar.
O que aconteceu nesta quarta-feira (30)?
Esta quarta era o último dia para que o país pagasse a dívida. A Argentina seguia negociando, em um tribunal de conciliação nos Estados Unidos, com “fundos abutres” para evitar a necessidade de pagamento do valor total. O ministro da Economia do País, porém, anunciou que não houve acordo. O país pode, portanto, decidir, por conta própria, não pagar nada aos fundos — configurando o calote.