Presos são mortos durante transferência de Altamira para Belém
Bruno Santos/ReutersQuatro detentos envolvidos no conflito entre organizações criminosas no presídio de Altamira, que resultou na morte de 58 detentos na segunda-feira (29), morreram durante o transporte para a capital, Belém. A informação foi confirmada ao R7, por meio de nota, pela Secretaria de Segurança Pública do Pará.
Segundo a pasta, as mortes ocorreram entre os municípios de Novo Repartimento e Marabá, nesta terça-feira (30).
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Segundo informações, eles eram da mesma facção e viviam juntos na mesma cela. Durante o transporte, estavam algemados, divididos em quatro celas. A capacidade era para até 40 presos, e 30 eram transportados. A pasta informou que o estado não possui caminhão com celas individuais.
A ação ocorreu, de acordo com o órgão, entre 19h e 1h. Ao chegar a Marabá, os agentes encontraram quatro presos mortos por sufocamento em duas celas. Todos os 26 presos remanescentes serão colocados em isolamento. "As razões deste fato lamentável estão sendo investigadas", diz a pasta.
O massacre ocorreu no início da manhã, às 7h, no momento da destranca. Internos do bloco A, onde estão custodiados presos de uma organização criminal, invadiram o anexo onde estão detentos pertencentes ao grupo rival. Durante a ação, dois agentes prisionais foram feitos reféns, mas foram liberados após negociação que contou com a presença de forças de segurança e o MP (Ministério Público).
Os líderes da facção CCA (Comando Classe A) atearam fogo em uma cela que pertence a um dos pavilhões do presídio onde ficavam integrantes do CV (Comando Vermelho). “Devido à unidade ser mais antiga, construída de forma adaptada a partir de um container, com alvenaria, o fogo se alastrou rapidamente”, relatou a Susipe (Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará). Muitos detentos morreram por asfixia e 16 foram encontrados decapitados.
No período da tarde, policiais realizaram vistorias no interior do presídio, mas não encontraram armas de fogo, apenas estoques (facas improvisadas com material precário). Segundo a superintendência, nenhum relatório da inteligência do órgão detectou indícios de conflito. “Temos protocolos para a maioria dos casos, mas neste específico, não tínhamos informações sobre ao ataque”, contou. Familiares de detentos, porém, afirmam que sabiam que algum conflito ocorreria, só não sabiam quando.