Francês Raís se dividiu na torcida
André Avelar/R7
A antiga hostilidade entre argelinos e franceses parece ter dado um tempo na Copa do Mundo. Assim que o árbitro apitou o fim da derrota da Argélia para a Alemanha nesta segunda-feira (30), pelas oitavas de final da Copa do Mundo, torcedores do país africano declaram seu apoio aos antigos colonizadores. A animosidade terminou em samba nas areias de Copacabana, no palco montado para a Fifa Fan Fest.
Mohamed Raís, de 27 anos, nasceu e mora em Paris e só lamenta os problemas civis. O torcedor, que assistiu à partida com a camisa da França debaixo da camisa da Argélia, espera que o futebol seja pelo menos um transformador na relação tensa entre os dois países.
— Acho que vocês brasileiros não sofrem este tipo de problema. Temos muitas coisas ruins por lá, mas não dá para torcer contra. Meus pais são da Argélia, minha família toda é da Argélia, mas eu nasci na França. Eu sou francês e vou apoiar eles.
Apesar do otimismo dos torcedores no Brasil para acompanhar a Copa do Mundo, a própria seleção francesa historicamente registra conflitos com imigrantes argelinos. Do atual elenco, o atacante Karim Benzema, filho de argelinos, se recusa a cantar o hino francês dado à apropriação de uma estrofe por entidades de ultra direita. O próprio craque Zinedine Zidane, outro filho de imigrantes argelinos, viveu um momento de questionamento na equipe nacional.
Segundo franceses, o principal problema estaria no verso “que um sangue impuro banhe nosso solo”. A letra é de 1792, época em que o território nacional estava dominado por exércitos estrangeiros. Em uma nova leitura, no entanto, a frase é considerada um ataque aos imigrantes.
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O argelino Riad Benna, de 29 anos, contou que já sofreu discriminação em Paris, onde mora, mas garante que não liga para isso. O torcedor agora espera conseguir um ingresso para apoiar a França no Maracanã. Ele torceu até o último minuto da prorrogação e fez questão de parabenizar os jogadores pela melhor classificação nas três Copas em que participou (1982, 1986, 2010 e 2014).
— Valeu, Argélia. Foi muito bom. Quero muito conseguir um ingresso porque com certeza vai ser um grande jogo. França e Alemanha estão com bons times. Acho que a França vai ganhar. Eu vou torcer.
Com o resultado, França e Alemanha se enfrentam na sexta-feira (4), um dia antes do aniversário dos 52 anos da independência da Argélia. A partida acontece às 17 horas (de Brasília), no Maracanã, no Rio de Janeiro.
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