RCP questiona sucesso na votação de referendo
Maxim Shipenkov / EFE - EPA - 25.6.2020O RCP (Partido Comunista da Rússia) questionou, neste sábado (4), se o referendo realizado pelo presidente Vladimir Putin, votado entre 25 de junho e a última quarta-feira (1º), é o o sucesso apresentado pelo Kremlin.
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"As autoridades devem lembrar que, apesar da possibilidade de votar em qualquer lugar no decorrer de uma semana, um terço dos eleitores não compareceu para votar. E dos que votaram, um terço estavam contra", afirmou o secretário-geral do RCP, Gennady Zyuganov, durante a 10ª sessão plenária telemática do partido.
Segundo o líder político, se considerado o terço dos que votaram contra e o terço dos que não votaram, então a maioria da população considera que esta reforma não oferece uma solução eficaz para seus problemas. Ele ainda expressou sua desconfiança em relação à política do Kremlin.
Após o término da votação, o governo chamou a vitória do "sim" na consulta nacional sobre emendas constitucionais, entre as quais a possibilidade de Putin permanecer no poder até 2036, de "triunfo". O porta-voz do presidente russo, Dmitry Peskov, acrescentou que a consulta foi "um referendo triunfante de confiança" no líder.
No entanto, para o partido comunista, essa foi uma oportunidade perdida. "Poderíamos ter resolvido a situação no país se o partido governante tivesse agido de forma responsável. Tínhamos todas as possibilidades de nos dissociarmos da traição de (ex-presidente Boris) Yeltsin, o que até hoje impede o país de superar a transição de uma crise para outra", lamentou a legenda.
Até hoje, a Constituição de 1993, adotada durante o primeiro mandato de Yeltsin, estava em vigor na Rússia. Zyuganov questionou o longo processo de votação e afirmou que o resultado da votação constitucional não é apenas "alarmante", mas uma advertência ao partido de Putin, o Rússia Unida.
"Chamamos a atenção para a divisão territorial: de Murmansk, Arkhangelsk, passando por Nizhny Novgorod, Sverdlovsk, Novosibirsk até o extremo oriente, os centros econômicos mais importantes e o norte da Rússia essencialmente disseram às autoridades que não estão satisfeitos com esta política", frisou.
O PCR, o segundo maior partido do país, foi o único representado no Parlamento a ter rejeitado a Emenda Constitucional em março, para manter Putin no poder após 2024. Entretanto, elas foram aprovadas por 77,92% dos eleitores e entrou em vigor hoje.
Além de abrir caminho para a possível presença contínua de Putin no poder além de 2024, a nova redação da Constituição russa inclui uma série de emendas - 206 no total - relativas a mudanças na vida política e social do país.