Postos de combustíveis reduzem em R$ 0,46 o valor cobrado por litro do diesel nas bombas
Edu Garcia/R7Os postos de combustíveis estão obrigados desde quarta-feira (6) a informar a redução de mais de R$ 0,40 no preço do óleo diesel por meio de placas, faixas ou cartazes de fácil visualização. A reportagem do R7 percorreu postos da Marginal Tietê que dão acesso às rodovias que ligam São Paulo ao Sul do país e também aquelas que ligam ao Rio de Janeiro e Minas Gerais para conferir se os estabelecimentos estavam cumprindo a determinação.
Todos os postos visitados tinham aviso da redução do preço cobrado pelo litro do diesel. Em um deles, o gerente estava colocando uma faixa com o valor atualizado.
“Atualizamos para R$ 3,06 o valor do diesel comum e reduzimos o preço da gasolina também para R$ 3,98, mas francamente não acho que isso vai resolver o problema dos caminhoneiros”, diz o gerente do posto Singular, Edson Vitor Lima.
O gerente da rede Papa acredita que a maioria dos postos cumpra a determinação do governo: “Temos nota fiscal de tudo e os fiscais têm como comparar a redução dos preços”, observa Osmar Severino da Silva.
Osmario Vasconcelos, diretor de fiscalização do Procon-SP explica que a fiscalização começou na terça-feira (5) e a maioria dos postos estão seguindo as determinações do governo federal.
“Os fiscais vão de posto em posto e conferem tanto os boletos de vendas como as notas fiscais para constatar a redução de R$ 0,46 e para aqueles que não cumprirem, apresentamos um auto de constatação, exigimos as notas e documentos para depois tomarmos outras medidas”.
O ex-conselheiro do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e professor do Insper Paulo Furquim diz que o risco de agentes que fazem parte da cadeia (distribuidoras e postos) embolsarem parte do dinheiro do desconto existe.
"Corremos o risco de vender combustível subsidiado com dinheiro público e parte da cadeia pode se apropriar desse subsídio. Certamente isso vai ser onerado duplamente para o consumidor final. Quem vai pagar essa diferença de subsídio que vai ser apropriada em parte pelo posto e em parte pelo caminhoneiro vai ser o contribuinte. Sairá de aumento de impostos ou pela redução da qualidade do serviço público", observa.
Furquim questiona a medida do governo em um cenário de livre mercado.
"Nós abandonamos o controle de preços nos anos 80. É muito difícil controlar preços em um mercado tão pulverizado como esse e os efeitos colaterais são negativos. Mas o que o governo justamente quer neste momento é justamente o controle de preços, embora não tenha estrutura para fazer isso se cumprir", acrescenta.
Marcelo Gomes não encontrou diesel nos postos
Edu Garcia/R7Mas nem todos os motoristas acreditam nessa redução proposta pelo governo. “Eu passei por diferentes lugares e percebo que os preços variam demais de um lugar para outro. Não acredito que essa determinação será cumprida e também acho que nada vai mudar para os caminhoneiros, em 60 dias tudo voltará ao que era infelizmente”, lamenta Valdir Galdino Lima. “Não tenho expectativa alguma, há 20 anos o diesel custava cerca de 30% do valor da gasolina, hoje são quase equivalentes, sendo o diesel um subproduto, esses aumentos são abusivos."
O motorista Marcelo Gomes saiu de Nazaré Paulista, interior de São Paulo, passou por seis postos para conseguir abastecer. “A questão não é o preço, o problema é encontrar o combustível, tenho receio que os donos não comprem diesel pelo período estipulado pelo governo para não darem desconto”.
“A variação dos preços é grande”, diz Fernando Faria proprietário de um ônibus que sai da capital paulista e segue até Belo Horizonte, em Minas Gerais. “Vale mais a pena abastecer em São Paulo que em outros estados, mas mesmo assim, o custo é muito alto e não tem compensado trabalhar assim. A manutenção é muito cara, corremos muitos riscos nas estradas tanto de assaltos como acidentes”.
“Estamos absorvendo a alta dos preços porque não tem como repassar para o frete, os produtos ficariam ainda mais caros e ninguém contrataria. Tem muito caminhão para poucos pedidos e para ser justo, para termos algum lucro o ideal seria pagar R$ 2,60 o litro”, diz o caminhoneiro Nelson Bueno Toledo.