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Em meio a montanhas de gelo e águas congeladas, a cidade de Tasiilaq — a mais populosa na costa leste da Groenlândia — abriga cerca de 2.000 pessoas. A população mora em casas coloridas de madeira que pontuam a paisagem em uma das regiões mais frias no planeta. As informações são da agência de notícias Reuters
REUTERS/Lucas Jackson/16.06.2018
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O aquecimento global tem remodelado a vista em Tasiilaq, onde as camadas de gelo têm se derretido de forma mais veloz do que se previu no passado. Enquanto os cientistas estudam as ameaças trazidas pela mudança climática, os moradores da pequena cidade já sentem os efeitos práticos da quebra de padrão nas temperatuas
Veja também: Como a Groenlândia pode se tornar uma base da China no ÁrticoREUTERS/Lucas Jackson/16.06.2018
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Um dos residentes cuja rotina já foi afetada pelas mudanças no clima é Julius Nielsen, de 40 anos, que passou a maior parte da vida caçando e pescando. "Não há neve, a temperatura está alta e a água não congela", afirma. A falta de gelo acaba por ser um problema para Nielsen, que ficam sem poder caçar na companhia de seus cães e trenós ou têm de seguir rotas alternativas
Leia mais: Degelo no Ártico coloca oceano em centro de disputa internacionalREUTERS/Lucas Jackson/16.06.2018
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O aquecimento global contínuo deve acelerar o derretimento das geleiras e contribuir para a elevação do nível dos oceanos em todo o mundo, segundo os cientistas. Em outubro de 2018, um relatório divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) alertou os países a manterem o aumento das temperaturas abaixo de 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais para evitar catástrofes ambientais. O esforço exige que as emissões de carbono caiam 45% até 2030 em comparação com os níveis de 2010
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Segundo Nielsen, tem ficado cada vez mis difícil nos últimos 10 anos caçar em áreas remotas por causa do clima imprevisível e do desaparecimento do gelo. "Todos os anos vemos os glaciares, a paisagem e as geleiras derreterem mais e mais. Praticamente tudo o que nós conhecemos por meio de nossos ancestrais já foi embora e não conseguimos retomar. Precisamos encontrar novas terramentas", afirma
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Lars Anker Moeller, operador em uma agência de turismo chamada Artic-Dream (Sonho Ártico, em inglês) em Tasiilaq, conta que na década passada costumava levar clientes para uma rota de cinco dias de trenó. Hoje em dia, só faz parcursos alternativos por causa da falta de gelo
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Para Moeller, o derretimento das geleiras trouxe algumas vantagens, por outro lado. Áreas geralmente bloqueadas pelo gelo ficam abertas por mais tempo, permitindo que o agente de turismo ofereça passeios de barco para mais turistas e mais cedo na temporada de verão. "Em vez de três meses, fazemos a tours por quatro ou mesmo cinco meses", aponta
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Além disso, peixes como a cavala — que geralmente não são encontrados nas águas congeladas da Groenlândia — agora aparecem de forma abundante. Acaba sendo um benefício para a indústria pesqueira local
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O agente Moeller lembra também que os turistas pedem cada vez mais para ver as calotas de gelo de perto. "Avistar os glaciais antes que desapareçam. É a única coisa que ouço por aqui", explica
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Pesquisa inédita conduzida pela Universidade de Copenhague juntamente com a Universidade da Groenlândia e o Instituto Kraks Fond para Pesquisa Econômica Urbana mostra que, de cada dez moradores da Groenlândia, mais de quatro acreditam que a mudança climática será prejudicial para suas vidas. Apenas um em cada dez acredita que pode se beneficiar do aquecimento global
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À Reuters, um dos autores do estudo, Kelton Minor, reforçou que "os resultados indicam que a mudança climática é pessoalmente relevante para a maioria dos residentes da Groenlândia e já é algo que boa parte deles sente"
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"Oito em cada dez residentes da Groenlândia dizem já ter experimentado diretamente os efeitos da mudança climática. Ao menos 60% deles acham o tema pessoalmente importante ou muito importante. E pouco menos de metade da população acha que o aquecimento global vai prejudicá-los", completa Minor
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Apesar dos novos desafios, os moradores de Tasiilaq são conhecidos por sua resiliência. "A beleza é que a população da Groenlândia sempre foi boa em se adaptar, então ela deve sobreviver de qualquer forma, o que quer que aconteça", conclui o agente de turismo Lars Moeller
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