BRF foi o principal alvo da 3ª fase da Carne Fraca
GERALDO BUBNIAK/AGB/ESTADÃO CONTEÚDO - 05.03.2018A companhia de alimentos BRF está sendo processada nos Estados Unidos por um acionista que acusou o maior exportador de aves do mundo de ocultar seu envolvimento em fraudes quanto à análise sanitária de produtos alimentícios, o que culminou na prisão do ex-presidente da companhia.
Reportagem do R7 revelou há uma semana que executivos da companhia, incluindo o ex-presidente pedro de Andrade Faria, tentaram abafar as fraudes cometidas pelo setor de qualidade da empresa.
A denúncia foi apresentada na noite de segunda-feira à Corte Distrital de Manhattan, em nova York (EUA), em nome de detentores de American Depositary Receipts (ADRs, recibo de ação negociado nos EUA) da BRF de 4 de abril de 2013 a 2 de março de 2018, e tem como objetivo uma ação coletiva contra a companhia.
O autor da denúncia, Ryo Nakamura, afirmou que a BRF, o ex-presidente Pedro Faria e outros funcionários inflaram artificialmente o preço das ações da empresa brasileira, enganando acionistas sobre suas operações e práticas de conformidade.
Nakamura disse que isso incluiu o pagamento de subornos a fiscais e políticos para esconder práticas não sanitárias em unidades da BRF e que o preço da ação da BRF caiu à medida que as notícias da operação Carne Fraca vieram à tona.
As ações da BRF no mercado norte-americano fecharam a US$ 7,59 em 5 de março, queda de 19% em um dia, após Faria ser preso e a Justiça determinar a prisão de outras 10 pessoas. Todos são suspeitos de participar de um esquema que adulterava testes laboratoriais em produtos de origem animal para burlar regras de exportação e as fiscalizações sanitárias brasileiras. A empresa controla marcas como Sadia e Perdigão.
O processo visa danos não especificados. A BRF não tinha comentários imediatos nesta terça-feira.
É comum nos Estados Unidos acionistas entrarem com ações judiciais de fraude de valores mobiliários após a revelação de suposta conduta ilícita que tenha causado queda no preço das ações de uma empresa.
Companhias não norte-americanas, como a BRF, gozam de uma proteção parcial em tais processos uma vez que a Suprema Corte dos EUA, em 2010, tornou mais difícil processar em relação a ativos financeiros vendidos ou listados fora dos Estados Unidos.
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