Mario Abdo, presidente do Paraguai, afirmou que considerou a gravidade dos fatos para aceitar as mudanças
Jorge Adorno/ Reuters - 1.8.2019O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, anunciou nesta quarta-feira que aceitou a renúncia do ministro da Justiça, Julio Javier Ríos, após a fuga de Jorge Samudio, um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho na região da fronteira com o Brasil, enquanto era transferido de volta à prisão onde era mantido no país.
Abdo Benítez também aceitou a substituição do comandante da Polícia Nacional do Paraguai, Walter Vásquez, devido ao incidente.
No Twitter, o presidente do Paraguai afirmou que considerou a gravidade dos fatos para aceitar as mudanças. No entanto, o cargo de Ríos estava em risco desde junho, quando diferentes motins protagonizados por membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) deixaram dez mortos e 17 feridos em duas prisões do país.
Grupo ataca viatura e resgata chefe do Comando Vermelho no Paraguai
Além disso, na semana passada, três integrantes do PCC fugiram de uma penitenciária no sul do Paraguai e fizeram funcionários do local reféns. No entanto, eles foram capturados pouco depois.
Samudio foi resgatado em uma ação do Comando Vermelho contra agentes da Polícia Nacional do Paraguai que o levavam de volta para a Penitenciária de Emboscada, que fica no departamento de Cordilerra, a cerca de 40 quilômetros de Assunção, capital do país. Ele havia saído da prisão para participar de uma audiência judicial.
No ataque, o delegado Félix Ferrari, de 43 anos, foi morto pelos criminosos. Já o suboficial Carlos Araújo acabou ferido na troca de tiros e permanece internado em um hospital de Assunção.
O Ministério Público do Paraguai anunciou que investigará se houve cumplicidade dos órgãos penitenciários com a fuga de Samudio. Em entrevista coletiva, o promotor Hugo Volpe revelou que o protocolo para a transferência do traficante não foi cumprido. Ele foi tratado como um "preso convencional", e não de alta periculosidade, como exigia o caso.
Como foi a ação
Os bandidos queimaram os veículos usados no ataque e roubaram outros para fugir da região. A Polícia Nacional do Paraguai iniciou uma operação de busca para recapturar Samudio e prender os integrantes do Comando Vermelho que o resgataram.
Samudio foi preso pela Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad) em uma operação realizada em outubro de 2018 na fronteira com o Brasil. Ele era acusado de tráfico de drogas, associação criminosa, porte de armas e falsidade ideológica. Segundo o Ministério Público, ele possui imóveis em várias regiões do país.
O líder do Comando Vermelho era procurado desde maio de 2011, quando o Senad apreendeu 370 quilos de cocaína e oito pequenos aviões que levavam a droga até o Brasil.