Usinas de cana-de-açúcar param produção
J.F. Diorio/AEA Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) informa que todas as usinas e fornecedores de cana-de-açúcar do Estado de São Paulo estarão com suas operações completamente paralisadas. Em razão da greve dos caminhoneiros, deflagrada no dia 21 de maio, falta diesel para abastecer máquinas e equipamentos, peças, alimentos para refeitório, entre outros.
O Estado, que possui 14 mil produtores rurais fornecedores de cana, 150 usinas e gera mais de 310 mil empregos diretos, é responsável por 60% da produção brasileira de açúcar e etanol. Esse contingente processa diariamente mais de dois milhões de toneladas de cana, produzindo 150 mil toneladas de açúcar e 100 milhões de litros de etanol por dia.
Para os produtores, o cenário é preocupante porque além de aumentar os custos de produção, reduz o faturamento das unidades produtoras em aproximadamente R$ 180 milhões por dia, o que pode comprometer a sobrevivência de muitas dessas empresas, que já estão com nível de endividamento elevado diante da crise vivenciada pelo setor sucroenergético nos últimos anos. Outro fator que deve trazer ônus expressivo ao setor e comprometer severamente a entrega dos produtos é a postergação do período de moagem.
Em função do movimento de paralisação dos caminhoneiros, algumas unidades tiveram seus canaviais, criminalmente, incendiados, após tentarem entregar etanol para garantir o mínimo de suprimento à população. A queimada significa perda adicional de receita, já que corresponde a uma quantidade de cana-de-açúcar que não poderá ser processada em tempo hábil para não comprometer a qualidade da matéria prima.
A Unica reforça que o setor está pronto para contribuir com a retomada das atividades da economia tão logo a greve seja interrompida. As unidades produtoras possuem equipes preparadas para entregar produtos, especialmente etanol, durante todos os dias, incluindo finais de semana e feriados.
Biodiesel
A Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (APROBIO) também informa que a produção foi paralisada e se pronunciou por meio de nota:
1) A cadeia produtiva do biodiesel ofereceu ao governo, no último dia 23 de maio, medidas de curto prazo que podem contribuir para a diminuição do preço dos combustíveis e aumentar a previsibilidade desse custo para todos os agentes econômicos envolvidos;
2) Entre as mais efetivas, que implicaria em redução imediata de R$ 0,13 no preço do combustível na bomba, está a adoção da mistura de 15% de biodiesel, o chamado B15, ao diesel fóssil vendido nos estados do Centro-Oeste, região que concentra alta produção do biocombustível e está distante das principais refinarias do país;
3) Além disso, a APROBIO propôs à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a flexibilização do uso do B100, isto é, combustível com 100% de biodiesel, para o abastecimento de veículos de serviços essenciais à população, como ambulâncias, viaturas policiais, ônibus, caminhões de coleta de lixo, entre outros;
4) A ANP por ora autorizou apenas a flexibilização para um maior uso do diesel fóssil e eventual redução dos 10% de biodiesel exigidos pela lei, medida que a APROBIO avalia ser contraproducente para o enfrentamento da crise de abastecimento;
5) Em virtude disso, as associadas da APROBIO tiveram sua produção totalmente paralisada, com grandes prejuízos a empresários e trabalhadores e comprometimento dos avanços obtidos desde a adoção da mistura B10, em março passado. O setor de biodiesel foi gravemente prejudicado com a interrupção de suas atividades, deixando de produzir riqueza e trabalho ao país;
6) O momento exige soluções eficazes e que efetivamente amenizem as graves consequências de tão longa paralisação: cidades de todos os portes enfrentam falta de combustível, a população tem dificuldades para manter suas atividades diárias, a atividade escolar de crianças e jovens foi comprometida e até serviços emergenciais de saúde estão sob risco;
7) No campo, também sentimos os prejuízos decorrentes da crise de abastecimento e da interrupção dos serviços de transporte, o que compromete a produção das indústrias agropecuárias e provoca prejuízos ainda incalculáveis a todos os setores da economia nacional;
8) Diante das concessões feitas pelo governo em atendimento às reivindicações da greve dos caminhoneiros, parte delas justa e bem-vinda, conclamamos as diversas lideranças e os manifestantes autônomos envolvidos no movimento a retomarem a normalidade dos serviços de transporte, para que o bem-estar do povo brasileiro seja colocado à frente de quaisquer outros interesses e para que o país possa retornar à normalidade o mais breve possível.