Aos 49 anos, Fernanda Young leva consigo sua irreverência ácida e talento inegável. A atriz, roteirista e escritora morreu no último domingo, 25 de agosto, em decorrência de uma crise respiratória. Suas lições, no entanto, permanecem em suas obras. Veja, a seguir, 7 textos para conhecer a vida e o trabalho de Fernanda Young
Reprodução
"Eu sempre fui escritora porque a realidade era - é - por demais terrível para mim", trecho de Estragos, sua última obra literária, na qual reuniu contos escritos por Fernanda entre seus 16 e 20 anos
Reprodução
"A cafonice detesta a arte, pois não quer ter que entender nada. Odeia o diferente, pois não tem um pingo de originalidade em suas veias. Segura de si, acha que a psicologia não tem necessidade e que desculpa não se pede. Fala o que pensa, principalmente quando não pensa. Fura filas, canta pneus e passa sermões. A cafonice não tem vergonha na cara." Fernanda Young, em sua última coluna para O Globo
Reprodução
"Não estive “calada nos últimos 14 anos”, não aceito desaforo! Sou uma mulher de 50 anos que sonhou alto e realizou muito. E estou longe de encerrar a minha jornada nessa orbe! Aos que se interessam: bom proveito. Para os outros: estou pouco me lixando!" trecho de uma de suas últimas publicações no Instagram
Reprodução
"Sou cheia manias. Tenho carências insolúveis. Sou teimosa. Hipocondríaca. Raivosa, quando sinto me atacada. Mas não imponho minha presença a ninguém. Não imploro afeto. Não sou indiscreta nas minhas relações. Tenho poucos amigos, porque acho mais inteligente ser seletivo a respeito daqueles que você escolhe para contar seus segredos. Então, se sou chata, não incomodo ninguém que não queira ser incomodado. Chateio só aqueles que me acham uma chata e por isso me querem ao seu lado."
Reprodução
"Nunca, nada, nada, nada, do que fiz - farei - me fará mais livre do que ser mãe. Nada do que imagino fazer, qualquer nível de invenção, poderá se aproximar do que é ser mãe. E ninguém é obrigado a ser mãe para experimentar tamanha emoção. Isso seria tacanho. Para mim, fato, é como estar avançando níveis no playstation. Eu precisei ter vocês. E vocês trouxeram mais. Feliz 19!" Declaração para as filhas Estela May e Cecília Madonna, em seu 19º aniversário
Reprodução
"Acho sim, que, às vezes, dou trabalho. Mas é como ter um Rolls Royce: se você não quiser ter que pagar o preço da manutenção, mude para um Passat"
Reprodução
"Rasgarei todas as minhas fotos quando sentir a morte chegar. Peço a algum Deus, caso exista e esteja me escutando: avise-me quando a morte estiver em meu encalço! Não serei eterna como aqueles que fizeram algo estrondoso. Não sou Proust, não sou Hitler, não sou nem mesmo o papagaio do Pirata da Perna de Pau. Sou Ana Delfina Amaral. Uma mulher que tem o nome nobre e talvez a alma também. Não tive pai para amar, tive mãe para odiar e algumas paixões. Sou Ana e pretendo rasgar as minhas fotos antes de morrer." Fernanda Young em "Vergonha dos Pés", publicada em 1996