A convite do R7 Estúdio, o repórter Fábio Menegatti mostra as diferentes faces da Armênia, país que ganhou um documentário exclusivo no PlayPlus. A produção original é uma viagem por uma nação calma e bonita, à beira do Monte Ararat, mas que carrega o peso e a tristeza de perseguições e invasões. Confira o relato:
A Armênia é um país muito distante do Brasil. Partindo de São Paulo, via Catar, são mais de vinte horas de viagem. Sobrevoa-se o Atlântico, a África de oeste a leste, Oriente Médio e, por fim, as montanhas do Cáucaso.
Yerevan, a capital, é um lugar imponente e, ao mesmo tempo, aconchegante. E são vários os motivos: a quantidade de praças públicas bem arborizadas, o trânsito tranquilo aos nossos padrões, a segurança que nos permite entre outras coisas caminhar sem medos, a beleza da arquitetura brutalista (herança dos tempos soviéticos), a gastronomia simplesmente impecável e, eles, os armênios. Um povo de história e cultura milenares.
O Ararat parece tocar o céu
Não dá para visitar a Armênia sem ser impactado por um gigante de mais de cinco mil metros de altitude. O Monte Ararat, mesmo estando em território turco devido a arranjos da geopolítica do século XX, mantém-se enraizado no coração dos armênios, é um fio sólido na identidade da nação. Estando em Yerevan, dá para avistar sua imponência com facilidade. E isto faz um bem, pode confiar.
O Monte Ararat, mesmo estando em território turco devido a arranjos da geopolítica do século XX, mantém-se enraizado no coração dos armênios
Conhecer sobre o genocídio é compreender os armênios
É impossível também não se sensibilizar com o maior drama da história do país, o genocídio que tirou a vida de mais de um milhão de armênios entre 1915 até meados da década de 1920. O museu dedicado ao genocídio nos proporciona uma imersão dolorosa e necessária sobre este período brutal e, por vezes, indescritível da história armênia.
É a partir deste episódio que entendemos melhor os armênios dispersos pelo Brasil e pelo mundo.
Para escapar da força impiedosa do exército turco do antigo Império Otomano, muitos armênios deixaram a região em direção a diversos países. Nas Américas, o Brasil foi um dos destinos procurados por muitos migrantes. E onde armênios fincam o pé, floresce.
Dá para entender as esfirrarias armênias tão comuns em São Paulo? Vêm de um período em que partir era sinônimo de resistir, de sobreviver.
É impossível não se sensibilizar com o maior drama da história do país, o genocídio que tirou a vida de mais de um milhão de armênios entre 1915 até meados da década de 1920
70 anos de comunismo
A Armênia viveu sob a batuta pesada do regime soviético em que praticamente tudo era controlado pelo grande e poderoso Estado Vermelho. Foi só no começo dos anos 1990, com a abertura da cortina de ferro, que os armênios passaram a enxergar sem tantas amarras outras nuances mundo afora: consumo, hábitos, cultura; a fartura distorcida do capitalismo chegava também ao Cáucaso. Mas nas ruas da capital ainda há traços desse tempo, carros pesados e carrancudos circulam aos montes por Yerevan e também por cidades do interior. Sinceramente, são lindos.
Não há acesso direto para o mar, mas as montanhas…
São simplesmente encantadoras. No caminho de Yerevan até a região de Goris, ‘elas’ estão presentes em grande parte da estrada que, por sinal, é repleta de curvas. Mesmo viajando entre abril e maio, na primavera, foi possível admirar o contraste entre as rochas e a neve ainda presente em muitas montanhas. E não há, pelo menos espero, como ser diferente. O rigor do inverno faz os termômetros registrarem 30 graus negativos. Entendi melhor o porquê, em alguns lugares, a vegetação não se atreve a crescer muito. Lembrei das aulas de geografia lá do meu antigo ginásio e colegial.
A guerra, o medo, a fuga
Naquele setembro de 2023, sair às pressas era o único jeito. As bombas caíam, os soldados do exército do Azerbaijão avançavam e o desespero tomava conta. Deixar Nagorno-Karabakh era necessário. A região autônoma de maioria populacional armênia cedia à força do vizinho rico. Ficar em cidades como Stepanakert seria esperar a morte, com isso a estrada gelada em direção à Armênia era a única opção. Mesmo que amontoados em um único carro, mesmo que com pouca comida, mesmo que esquecidos pelos olhos do mundo, minados pelo horror da guerra, assombrados pela violência. Sim, viver como refugiado em solo armênio era o único caminho, uma chance à esperança.
Confira um trecho do documentário Vozes da Armênia:
- Diretor Editorial e Projetos Especiais: Thiago Contreira
- Diretora de Conteúdo Digital e Transmídia: Bia Cioffi
- Reportagem: Fábio Menegatti
- Coordenadora Transmídia Sites Oficiais: Juliana Lambert
- Coordenador Transmídia Redes Sociais: Bruno dos Santos Oliveira
- Analista de Redes Sociais: Otavio Matenhauer Urbinatti
- Coordenador de Arte Multiplataforma: Sabrina Cessarovice
- Arte: Gabriela Lopes