De longe, o amontoado de barracas azuis e brancas que cobre o pequeno vale no coração do deserto sírio faz lembrar um tradicional campo de refugiados, desses que surgem onde as guerras, a miséria e as tragédias são regra, não exceção. Mais de perto, do alto de uma colina pedregosa, que circunda o pequeno mar de tendas, é possível ver nas torres de vigilância homens armados com rifles de assalto AK-47. Na entrada, blindados com metralhadoras calibre 50, capazes de derrubar helicóptero, protegem os portões e vigiam a sinuosa e poeirenta estradinha de chão que acompanha a longa cerca de arame farpado. Daqui já fica claro que este não é um simples campo de refugiados do Oriente Médio. É uma prisão.
Sob uma dessas barracas, a paraense Karina Aylin Raiol Barbosa, de 28 anos, passou os últimos anos como prisioneira. Ela é a única brasileira acusada de ter feito parte do Estado Islâmico que segue viva. A jovem está presa com o filho, Abdallah, de seis anos, um menino sorridente de cabelos aloirados, que até agora só conheceu os horrores da guerra e da prisão. Os dois passaram por vários campos de refugiados e prisões de segurança desde que chegaram na Síria, em 2019. Em janeiro daquele ano, foram detidos pelas forças curdas ao tentar escapar do último bastião do Estado Islâmico, em uma pequena cidade às margens do bíblico rio Eufrates, na fronteira entre a Síria e o Iraque.
A jovem está presa com o filho, Abdallah, de seis anos, um menino sorridente de cabelos aloirados, que até agora só conheceu os horrores da guerra e da prisão
Foi lá, em meio aos últimos combates entre as forças curdas — apoiadas pela coalização liderada pelos Estados Unidos — e o Estado Islâmico, que tomei conhecimento pela primeira vez da história de uma brasileira que havia se envolvido com o grupo terrorista. Ao longo dos anos, em coberturas na Síria e no Iraque, ouvi que muitos brasileiros haviam se juntado ao grupo, assim como milhares de ocidentais já tinham sido seduzidos pelo discurso paradoxal de hiper-violência e justiça do EI. Nenhum deles, no entanto, estava vivo.
Último Bastião
Naquele gelado janeiro de 2019, eu acompanhava os combates das tropas curdas, apoiadas pela intensa artilharia americana, contra os últimos soldados do Califado, como se auto-denominava o mais cruel grupo terrorista da história. Na pequena cidade de Baghuz, estavam os remanescentes de extremistas islâmicos que ocupara uma área do tamanho da Grã-Bretanha e subjugara mais de 12 milhões de pessoas na vastidão do deserto entre o Iraque e a Síria. Os cálculos dos curdos naquele momento, agora vingativos após serem perseguidos e massacrados por cinco anos pelos combatentes do Estado Islâmico, era de que ao menos 100 mil pessoas ainda viviam no último bastião do Califado.
Foi em um dia de vento forte e frio, com o som dos canhões M777 a disparar incessantemente, que a coluna de carros, tratores e caminhões surgiu no horizonte. Trazia uma multidão desesperada, acuada, suja, machucada e faminta. No comboio, mulheres cobertas dos pés à cabeça, apenas com os olhos de fora, agarravam-se aos poucos pertences e às crianças desnutridas que carregavam nos braços. Jovens adolescentes protegiam-se do vento forte com os cobertores sujos que haviam conseguido carregar.
Os poucos homens que os acompanhavam estavam feridos. Encontrei ao menos cinco deles sem as pernas. Eram vítimas de minas e bombas que caiam sobre Baghuz feito uma tempestade haiva mais de uma semana. ”Só conseguimos colocar um pouco de água e sal para não infeccionar, mas não temos nenhum remédio para dor”, me dizia uma senhora que acompanhava dois de seus filhos com as pernas decepadas na altura do joelho. Urravam de dor em um carro apinhado de crianças e mulheres. Era um cenário de horror, mas comum em uma região que vivia sob à barbárie havia quase uma década, desde que a Guerra Civil síria começara em 2011.
Julie me perguntou num inglês perfeito de onde eu era. Ela era inglesa. Estava com o Estado Islâmico desde 2015. “Você é brasileiro, nossa, duas das minhas melhores amigas são brasileiras, elas continuam lá”. Era a primeira vez que eu ouvia a história de uma brasileira viva integrante do Estado Islâmico. Julie me disse que uma delas estava com o filho doente e não sabia se eles sobreviveriam. “Na verdade, acho que ninguém que ficar lá irá sobreviver”. Ela e todos ali estavam sendo presos pelas tropas curdas. Logo, as poucas centenas de mulheres e crianças que fugiam das batalhas se tornaram dezenas de milhares. E levados inicialmente para um campo chamado Al-Hol, no meio do deserto sírio, não muito distante da fronteira com o Iraque. Em poucos meses, Al-Hol tinha uma população de quase 70 mil pessoas, em sua maioria mulheres e crianças que viveram os últimos dias no Califado. Foi lá que descobri que Karina de fato existia.
Desespero
Meses depois, ainda em 2019, voltei à Síria e consegui confirmar com as forças curdas que pelo menos seis brasileiros eram prisioneiros. O governo brasileiro, por sua vez, só tinha o conhecimento oficial de Karina. Tentei encontrá-la no campo, mas ela jamais se deixou identificar. Contatei os pais e a irmã, mas eles nunca quiseram me conceder uma entrevista. Até o início de 2024, quando a situação de Karina e do filho estava insutentável na Síria, sua família me procurou. As tentativas em buscar apoio do governo brasileiro falharam, tanto via Itamaraty quanto pela Defensoria Pública da União. A última esperança era a imprensa, além de tentar apoio do governo para repatriar os dois cidadãos brasileiros presos desde 2019.
Meses depois, ainda em 2019, voltei à Síria e consegui confirmar com as forças curdas que pelo menos seis brasileiros eram prisioneiros. O governo, por sua vez, só tinha o conhecimento oficial de Karina
Karina chegou à Síria em abril de 2016. Um ano antes, a jovem estudante de jornalismo da Universidade Federal do Pará (UFPA), que sonhava em ser comentarista esportiva, havia se convertido ao Islamismo. Sem nenhuma relação familiar, cultural ou histórica com o Oriente Médio, Karina se aproximou da fé islâmica por meio de um professor do Departamento de Engenharia Naval da mesma universidade. Em 2014, o engenheiro marroquino Saif Mounssif, então imã do Centro Islâmico Cultural do Pará, uma mesquita sunita localizada no centro da capital Belém, passou a oferecer cursos de árabe gratuitamente para os estudantes.
Karina se interessou e passou a frequentar a mesquita. Antes da metade de 2015 já andava pelas ruas de Belém com um Hijab, a vestimenta tradicional muçulmana que deixa apenas o rosto das mulheres exposto. “Foi algo estranho para nós, nós somos católicos, mas aceitamos, ela queria aquilo e estava feliz”, diz Nerino de Almeida Barbosa, o pai de Karina. Com a mesma intensidade com que se dedicava em seguir os preceitos religiosos do islamismo sunita, Karina se isolava do mundo exterior.
Com a mesma intensidade com que se dedicava em seguir os preceitos religiosos do islamismo sunita, Karina se isolava do mundo exterior
Primeiro, cortou contato com quase todas as amigas que não frequentavam a mesquita. Depois, em segredo, abandonou as aulas da faculdade de jornalismo. “Ela vivia trancada no quarto, sempre no computador, sempre no celular, conectada o tempo todo”, relembra Karen Rayol, a irmã mais velha e confidente de Karina. “A gente não percebeu o que estava acontecendo, simplesmente não conseguimos ver que a Karina estava entrando em um caminho muito diferente do que imaginávamos”, conta a irmã. Até que em abril de 2016, Karina desapareceu. Ficou de ir dormir na casa da avó e saiu dizendo que antes iria para a faculdade.
Fuga
Naquela tarde, no entanto, ela foi para o aeroporto. Tomou um voo para Belo Horizonte, de lá foi para Guarulhos, em São Paulo. Passou a noite no aeroporto, e nas primeiras horas da manhã embarcou para Casablanca, no Marrocos, onde fez uma conexão até chegar a Istambul, na Turquia. Ficou desaparecida por quase seis meses, até que ligou para a irmã. Disse que estava em Idlib, na Síria. Na época, um dos redutos do Estado Islâmico. Karina havia se casado com um homem que conhecera na internet.
Contou que tinha sido enganada, que ele na verdade não trabalhava como agente humanitário, como havia dito na internet, mas se tratava de um integrante do Estado islâmico, casado com outras três mulheres e que a maltratava continuamente. Só que Karina, mais uma vez, deixou de fazer contato com a família. Em 2017, ela reapareceu em Raqqa, a capital do Estado Islâmico. Disse que havia se divorciado do primeiro marido. Em Raqqa, casou-se novamente e, dessa vez, estava grávida. Compartilhava com a irmã a evolução da gravidez e relatava que a guerra se aproximava da capital do Estado islâmico, com ataques aéreos cada vez mais constantes.
Em outubro de 2017, os curdos tomaram Raqqa em uma longa batalha que durou meses e deixou a cidade completamente destruída. Os mais radicais do Estado Islâmico deixaram a cidade e rumaram para as áreas de deserto ao longo do vale do rio Eufrates. Karina os acompanhou, grávida e teve o filho em uma pequena cidade controlada pelo Estado Islâmico, no início de 2018. Demoraria um ano para que as tropas curdas finalmente os alcançassem e travassem a última batalha que pôs fim ao Califado.
Estrangeiros do Estado Islâmico
Karina aceitou me dar uma entrevista em junho deste ano. Estava presa em Roj Camp com outras três mil mulheres e crianças acusadas de fazerem parte do Estado Islâmico. Quase todos vindos de países distantes do Oriente Médio, como Inglaterra, Estados Unidos, Afeganistão, Rússia, Malásia, Alemanha, Tunísia, França, Trinidad e Tobago e Brasil. São mais 60 nacionalidades diferentes. O cálculo é que entre 60 mil e 70 mil pessoas sigam detidas em diferentes campos e prisões de segurança por essa região da Síria. A maior parte é de sírios e iraquianos.
Em outubro deste ano, voltei mais uma vez à Síria para fazer uma série de reportagens sobre os 10 anos do Estado Islâmico e o ressurgimento do grupo em algumas regiões da Síria. Recebi a autorização do governo curdo, que controla a região — conhecida como Rojava — para ir ao campo de prisioneiros em que Karina e Abdallah estão presos. Só a supervisão de agentes da inteligência curda e eu poderiam entrevista-la, e em português. Seria a primeira vez que Karina encontraria um brasileiro em quase uam década. Segundo sua irmã Karen, ela estava disposta a falar sobre seus dias no Estado Islâmico, sobre os anos de prisão e queria fazer um apelo para que o governo brasileiro pedisse sua repatriação, como dezenas de outros países fizeram com parte de seus cidadãos presos na Síria.
Incerteza
No dia em que cheguei a Roj Camp, Karina não estava. De acordo com o diretor do campo, Haval Rasshed, ela e outras dez mulheres estabeleceram contato com antigos combatentes do Estado Islâmico e tentaram fugir para a Turquia. De acordo com Haval Rasshed, o diretor de Rojava, Karina e as companheiras foram presas por patrulhas curdas que vigiam as rotas que dão acesso ao campo e levadas para uma prisão de segurança máxima. A inteligência curda teria encontrado um celular, mapas e conversas suspeitas. Nenhuma dessas informações pode ser confirmada, já que em Rojava nenhum dos estrangeiros acusados de terem feito parte do Estado Islâmico passa por um processo judicial indenpendente. Vale o que é dito.
Em abril, a Anistia Internacional divulgou um extenso relatório sobre as prisões e os centros de detenção no Nordeste da Síria onde milhares de pessoas como Karina estão presas acusadas de envolvimento com Estado Islâmico. Batizado de Aftermath: Injustice, Torture and Death in Detention in North-East Syria (Consequências: Injustiça, Tortura e Morte em Prisões no Nordeste da Síria, em tradução livre do inglês), o relatório faz duras críticas às condições em que os prisioneiros são mantidos. E acusa a autoridade curda, com conhecimento das forças internacionais lideradas pelos Estados Unidos, de cometer uma série de crimes e violar os direitos humanos, como longos períodos em confinamento solitário, com torturas físicas e psicológicas.
Sem contato com Karina desde setembro, recentemente a família da brasileira passou a receber mensagens de uma amiga dela no campo de prisioneiros. Segundo ela, uma filandesa que viveu com a paraense em Raqqa, Karina estaria detida junto com o filho dentro de um banheiro, uma solitária improvisada. Estaria muito doente e que dificilmente sobreviveria ao inverno de baixíssimas temperaturas nesta parte da Síria. As informações passadas por mensagens de WhatsApp também não puderam ser confirmadas.
Karina estaria detida com o filho em um banheiro, uma solitária improvisada. Estaria muito doente e dificilmente sobreviveria ao inverno de baixíssimas temperaturas
No mês que vem, Karina vai completar sete anos de cárcere.
Governo brasileiro nunca prestou assistência consular à paraense presa na Síria acusada de integrar o Estado Islâmico
De acordo com Itamaraty, apoio à brasileira e seu filho é dificultado pelo fato de os dois estarem presos em área conflagrada; Por outro lado, Defensoria da União acusa governo de má vontade
Yan Boechat, de São Paulo
O governo brasileiro nunca prestou nenhum tipo de ajuda à brasileira que está presa na Síria acusada de envolvimento com o Estado Islâmico. O Ministério das Relações Exteriores foi informado pela embaixada brasileira em Damasco, na Síria, da detenção de Karina Aylin Raiol Barbosa, 28 anos, e de seu filho, Abdallah, de seis anos, ainda em 2019, quando os dois foram detidos pelas tropas curdas que combatiam integrantes do Estado Islâmico no vale do rio Eufrates, na fronteira da Síria com o Iraque. O Itamaraty jamais autorizou que qualquer representante do corpo diplomático fosse até a região para saber mais sobre mãe e fillho.
O Itamaraty só se manifestou oficialmente após a reportagem sobre o caso ir ao ar no programa Domingo Espetacular. Foram quase seis anos de silêncio. De 2019 para cá, Karina e Abdallah passaram por diferentes centros de detenção no Nordeste da Síria. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores diz estar acompanhando o caso e realizando tentativas de repatriar os dois. No entanto, na mesma nota, fica claro o desconhecimento do ministério sobre o local exato onde eles estão detidos, ao informar, erroneamente, que Karina e o filho estão em um centro de detenção do qual foram transferidos há mais de três anos.
Assista à reportagem que foi ao ar no Domingo Espetacular
O Itamaraty só se manifestou oficialmente após a reportagem sobre o caso ir ao ar no programa Domingo Espetacular. Foram quase seis anos de silêncio
Má vontade e preconceito
De acordo com a Defensoria Pública da União, o governo brasileiro teve má vontade e preconceito com o caso de Karina e jamais atuou para prestar assistência consular e dar informações à família dos dois no Brasil. “Nunca houve nenhum esforço para a repatriação, que é um direito dos dois como cidadãos brasileiros”, afirma Marcos Wagner Teixeira, defensor regional dos Direitos Humanos, que agora é o responsável pela ação da Defensoria Pública contra a União pedindo a repatriação de Karina e Abdallah.
Nunca houve nenhum esforço para a repatriação, que é um direito dos dois como cidadãos brasileiros
Segundo Marcos Wagner Teixeira, o fato de Karina ser acusada de ter feito parte do Estado Islâmico não serve como justificativa para inação do governo federal. “Se ela cometeu algum crime, se fez associação com grupos terroristas, isso precisa ser investigado aqui no Brasil, a União não pode se basear em informações dessa natureza para negar a assistência a um cidadão nacional”, diz ele.
O defensor público também afirma que o fato dos dois estarem em uma área conflagrada não pode ser justificativa para que o governo se omita na prestação de apoio aos cidadãos brasileiros. Ele cita a repatriação feita pelo governo brasileiro em áreas dominadas pelo Hamas, em Gaza, e pelo Hezbollah, no Líbano, neste ano. Os dois grupos são considerados terroristas por diferentes países da comunidade internacional.
O Itamaraty afirma ainda que Karina e Abdallah estão detidos por uma milícia rebelde que domina uma região da Síria sem a anuência do poder central e sem interlocução com Damasco, o que dificulta o atendimento aos dois. Em nota, diz que “A brasileira encontra-se em zona conflagrada controlada pelos curdos, que não mantêm diálogo com o governo central. Esse fato agrega dificuldades adicionais de acesso e de segurança à adequada prestação de assistência consular”. Hoje estima-se que entre 10 mil e 15 mil cidadãos de mais de 60 países seguem presos no Nordeste da Síria sob a acusação de envolvimento com o Estado Islâmico.
O grupo terrorista controlou uma área do tamanho da Grã-Bretanha e subjugou mais de 12 milhões de pessoas entre o Iraque e a Síria. Milhares de homens e mulheres de países ocidentais se juntaram ao Estado Islãmico, muitos deles sem relação prévia com o islamismo, como é o caso da paraense de 28 anos, que se tornou muçulmana um ano antes de se juntar ao grupo.
Milícia Curda
O YPG, a milícia curda apoiada por uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, vem pressionando países de todo mundo a repatriarem seus cidadãos desde o fim dos combates com o Estado Islâmico, em 2019. A milícia afirma que a responsabilidade por esses presos é dos países que permitiram que seus cidadãos se juntarem ao grupo terrorista. O comandante Syiamend Ali, porta-voz do YPG, afirma que Karina e o filho Abdallah estão livres para serem repatriados desde que haja um compromisso do governo brasileiro de tirá-los da Síria e levá-los para o Brasil. “Veja, nós não queremos eles aqui, eles são um problema para nós. Temos que gastar recursos, homens, tempo e dinheiro para mantê-los e vigiá-los. Esse é um problema da comunidade internacional, não é só nosso”, diz o comandante.
Segundo ele, o governo brasileiro jamais procurou a administração curda para repatriar Karina e o filho. “Nunca nos procuraram e o Brasil, um país grande e importante, também precisa nos ajudar com essa questão. É simples levá-los embora, só é preciso diálogo”. O porta-voz diz também que diversos países já repatriaram seus cidadãos.
Fontes do governo afirmam de maneira não oficial que o Itamaraty estuda criar uma força tarefa para encontrar uma solução para o caso.
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