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Retrospectiva 2016
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Acordo de Paz com as Farc rende Nobel à Colômbia, mas referendo gera crise política

Texto colocado em votação popular previa que a guerrilha se tornasse um partido político

News|Do R7, com agências


Cerimônia de ratificação do tratado aconteceu com a presença de diversos líderes mundiais, todos vestidos de branco
Cerimônia de ratificação do tratado aconteceu com a presença de diversos líderes mundiais, todos vestidos de branco

A Colômbia fez história em 2016 após o acordo histórico que pretende encerrar o sangrento conflito de 52 anos entre as forças de segurança do governo e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Porém, ao passar por um referendo popular, o acordo foi rejeitado pela maioria da população, gerando uma crise política no país. Com o objetivo de salvar as negociações, o presidente colombiano acabou ignorando os resultados das urnas, refez o acordo e levou o debate para o Congresso, que acabou aprovando o novo tratado de paz.

O documento foi aprovado na Câmara dos Deputados por 130 a 0, um dia depois de o Senado o ratificar por 75 a 0. Os parlamentares do partido de oposição, o Centro Democrático, abandonaram o plenário das duas Casas em protesto pouco antes do começo das votações.

Bogotá e as Farc passaram quatro anos em Havana, em Cuba, trabalhando em um entendimento para pôr fim à guerra mais duradoura da região, que matou mais de 220 mil pessoas e deslocou milhões na nação andina.

Polêmica

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Defendido enfaticamente pelo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, o texto colocado em votação previa que a guerrilha se tornasse um partido político, passando a brigar nas urnas, e não nos campos de batalha que ela ocupa desde 1964.

A cerimônia de ratificação do tratado — que foi fechado entre ambas as partes após quatro anos de negociações de paz em Cuba — aconteceu com a presença de diversos líderes mundiais, como o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, o presidente cubano, Raúl Castro, e o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, todos vestidos de branco.

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Por que o acordo de paz entre Colômbia e Farc é histórico

Na ocasião, o presidente da Colômbia e o líder das Farc, Rodrigo Londoño "Timochenko", usaram uma caneta feita de uma bala para assinar o acordo. Mostrando apoio ao tratado de paz, a União Europeia retirou as Farc da sua lista de grupos terroristas.

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Apesar da forte campanha do governo pela aprovação do acordo, o texto enfrentou forte resistência do grupo político liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe, contrário a cláusulas do tratado como a que permite que os rebeldes entrem no Parlamento sem passar nenhum período na prisão.

No dia 2 de outubro de 2016, os colombianos foram as urnas, e o resultado do referendo surpreendeu os analistas e gerou comoção internacional imediata. Com 50,2% dos votos, o acordo de paz foi rejeitado, gerando uma crise política para o presidente Juan Manoel Santos.

Juan Manoel Santos passou a costurar um novo acordo de paz após a rejeição do texto em referendo
Juan Manoel Santos passou a costurar um novo acordo de paz após a rejeição do texto em referendo

A possível instabilidade gerada com a rejeição do acordo levou medo de que a paz pudesse ser enterrada e o conflito voltasse a tona. Em novembro, o cessar-fogo entre governo e as Farc foi rompido pela primeira vez. Na ocasião, dois rebeldes foram mortos em combate e outro se rendeu na província de Bolívar, no norte da Colômbia, quando deixaram sua região pré-determinada com armas.

Premiação

Mesmo com a derrota no referendo, o presidente colombiano foi premiado com o Nobel da Paz por seus esforços na defesa do encerramento do conflito de 52 anos entre o governo e as Farc, indicando o reconhecimento internacional em relação ao avanço do processo e a expectativa pela continuidade das conversações.

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Dias depois do anúncio, Santos anunciou que iria doar o dinheiro do Prêmio às vítimas do conflito com as Farc.

Com a rejeição do acordo no referendo, Santos passou a costurar um novo acordo de paz, cedendo em alguns pontos às reivindicações da oposição. Em 24 de novembro, o presidente anunciou que o novo tratado de paz com as Farc seria assinado no mesmo dia em Bogotá, antes de ser submetido ao Parlamento.

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O principal opositor do acordo, Álvaro Uribe, anunciou que não vai apoiar o novo pacto, que mantém aberta a porta da política para os membros da guerrilha e não enquadra o narcotráfico como crime de lesa humanidade. O segundo acordo também não prevê que guerrilheiros cumpram pena em prisões comuns, como defende o grupo de Uribe.

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