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Retrospectiva 2016
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Estados Unidos voltam às origens com vitória de Donald Trump

Novo presidente retomou o famoso slogan "América para os americanos"

News|Eugenio Goussinsky, do R7


Trump já havia derrotado candidatos republicanos de peso
Trump já havia derrotado candidatos republicanos de peso

A vitória do candidato republicano Donald John Trump nas eleições presidenciais americanas de novembro colocou os Estados Unidos em uma nova etapa. Em vez de se abrir para o mundo, boa parte da população local optou para que o país se feche, incomodada com a perda de empregos e a fuga de empresas.

Nesse sentido, os Estados Unidos preferiram retomar a sua identidade original. O terceiro presidente americano, Thomas Jefferson (1801-1809), era um dos maiores defensores das fronteiras americanas, combatendo o imperialismo britânico e defendendo o proprietário rural local.

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O inimigo agora é o imperialismo da globalização. Em outro contexto, bem mais industrializado, Trump retomou essas raízes, conforme afirma a professora Marília Carolina de Souza, da Fecap e do Nucri-USP, em São Paulo.

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— Os Estados Unidos estão retomando uma de suas origens, que é uma origem de se voltar para questões internas. Houve um retorno do protecionismo, da afirmação e da valorização do trabalhador norte-americano, com crítica às políticas migratórias, de integração regional, ao Tratado Transpacífico, que são mecanismos que vão ser revistos no novo governo. A população deu o recado de que não quer ver o país sendo fiador do comércio mundial.

O Brasil, por sua vez, corre sério risco de ver limitadas suas exportações e parcerias com os Estados Unidos. A política protecionista de Trump a princípio deverá bloquear a entrada de vários produtos de outros países que poderiam competir com os americanos. O Brasil, com isso, terá de fortalecer o laço com outros mercados para compensar a perda. 

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Entre 2010 e 2014, o comércio entre Brasil e Estados Unidos teve alta de 33,8% (de US$ 47 bilhões em 2010 para US$ 63 bilhões em 2014), com as exportações brasileiras aumentando 39,7% e as importações, 29,6%. Em 2014, o Brasil importou mais dos Estados Unidos do que o contrário. A balança entre ambos pendeu em favor dos americanos, numa diferença de US$ 8 bilhões.

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Em maio, ao derrotar candidatos de peso, como os republicanos Ted Cruz (senador pelo Texas); John Kasich (governador de Ohio) e Marco Rubio (senador pela Flórida), entre outros, Trump conquistou a candidatura republicana e, apesar da revolta de partidários, já demonstrava força.

A professora acredita que a vitória de Trump, que a partir de 20 de janeiro será o 45º presidente americano, já estava escrita desde o início da campanha. Mesmo sem ter conquistado a maioria dos votos no país, que ficou para Hillary Clinton (que até o fim de novembro tinha 63,6 milhões de votos contra 61,9 milhões de Trump), ele venceu no Colégio Eleitoral, onde conquistou 290 votos, contra 218 de Hillary. A candidata, com dificuldades, demorou mais tempo para garantir-se na disputa, só superando o democrata Bernie Sanders nas primárias em 27 de julho.

América para os americanos

Marília aponta um fator fundamental para a ascensão do novo presidente: a desconfiança em relação às políticas democratas, que enfraqueceram o partido em alguns Estados onde ele costumava ser vencedor.

— Se pararmos para pensar, os Estados que tradicionalmente votam no Partido Republicano não iam deixar de votar, como os do centro e do centro-sul. Já havia aí num contexto de votos que estavam garantidos para Trump. E ninguém parece ter dado muita atenção para isso.

Neste caso, segundo ela, os democratas deveriam se concentrar em não perder votos que seriam decisivos. E perdeu.

— Estados industrializados do meio-oeste, o cinturão industrial dos Estados dos grandes lagos, como Michigan, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin, desta vez deram muitos votos para os republicanos e isso fez a diferença.

Tal situação, segundo a especialista, explica todo o cenário da vitória trumpista.

— Muita gente nestes Estados industrializados estava descontente com os democratas, com as políticas de abertura, com os tratados de livre comércio. Detroit, por exemplo, se tornou uma cidade fantasma, já que muitas montadoras saíram dos Estados Unidos. Uma série de empresas foi para a China, México e houve uma grande perda de emprego no setor industrial tradicional do país.

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Os produtores rurais, por sua vez, continuaram republicanos. E seguiram por completo a cartilha de Thomas Jefferson, que depois virou um slogan do ex-presidente James Monroe, iniciador de uma doutrina (1817-1825): a América para os americanos. Neste sentido, se Trump quer fechar as fronteiras do país, ele mostrou que nesse atual contexto, a fronteira ideológica entre democratas e republicanos ficou diluída.

Afinal, o republicano Trump é protecionista, conceito que sempre acompanhou os democratas. Mas, como o novo Estados Unidos está voltando às suas origens, deve-se lembrar que, nos tempos de Thomas Jefferson, ambos eram uma coisa só: formavam o Partido Democrata-Republicano, que durou 25 anos. E Trump, antes de ser republicano, foi, por vários anos, filiado aos democratas.

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