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Bruno fica em liberdade por 60 dias, mas vê filha nascer atrás das grades

Advogado ainda tenta regime semiaberto para o goleiro

Retrospectiva 2017|Pablo Nascimento, do R7*

Bruno, com a mulher, a dentista Ingrid
Bruno, com a mulher, a dentista Ingrid

Após aproveitar o gosto da liberdade por 60 dias neste ano, o goleiro Bruno Fernandes voltou para a cadeia com a notícia da gravidez da mulher, a dentista Ingrid Calheiros, e não acompanhou de perto a gestação. Oito meses após ser preso novamente, ele soube do nascimento da filha atrás das grades e não assitiu à chegada de Isabella.

O Nucap (Núcleo de Capacitação para a Paz), onde o atleta ajuda em aulas de educação física para crianças, pediu à Justiça autorização para que ele acompanhe o parto da mulher, mas o pedido foi negado. Na decisão, o juiz Maurício Navarro Bandeira de Mello alegou que o jogador não pode receber tratamento diferenciado, uma vez que não há previsão legal para tal privilégio.

Isabella é a primeira filha do casal e a quarta do jogador. Ele já é pai de duas garotas do casamento com Dayanne Rodrigues do Carmo e de Bruninho, que nasceu do relacionamento com a ex-amante e modelo Eliza Samudio. Em 2013, Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de prisão pela morte e sequestro de Eliza. Recentemente, a Justiça diminuiu a condenação para 20 anos e nove meses.

Fernandes e Ingrid começaram a namorar quando o processo do caso Eliza Samudio ainda era julgado. Eles se casaram em junho do ano passado, na Apac (Associação de Proteção de Amparo ao Condenado) de Santa Luzia, onde atleta cumpria pena até então.


Altos e baixos

O ano foi de altos e baixos para o ex-jogador do Flamengo. Um habeas corpus concedido pelo ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), surpreendeu o país ao soltar o goleiro após seis anos e sete meses preso.


A decisão foi fruto de um debate jurídico que questionava a lentidão da Justiça em analisar um recurso contra a condenação do jogador. Em decisão monocrática, Mello considerou que a demora era excessiva e, por isso, o Fernandes teria direito de responder em liberdade.

Jogador deixou presídio ao lado da mulher
Jogador deixou presídio ao lado da mulher

Com sorriso no rosto e de cabeça erguida, o atleta deixou a Apac de Santa Luzia na noite de 24 de fevereiro. Em entrevista concedida após a libertação, ele contou que, na prisão, aprendeu que tudo na vida tem a hora certa e o momento de voltar aos gramados chegaria em breve.


No início de março, as previsões de Fernandes se concretizaram e ele assinou um contrato de dois anos com o Boa Esporte Clube. A equipe de Varginha, no sul de Minas Gerais, disputa a série B do Campeonato Brasileiro.

A contratação de Bruno dividiu opiniões nas redes sociais e no meio esportivo. De um lado, críticas quanto a escolha do clube e o anúncio da saída de patrocinadores do time. Do outro, fãs que elogiavam a chance dada ao jogador e que o aplaudiram de pé quando ele entrou em campo pelo time pela primeira vez.

A liberdade de Bruno e a passagem dele pelo Boa Esporte foi rápida na mesma proporção em que foi questionada. Com dois meses de soltura, o jogador voltou a ser preso, após os ministros da Primeira Turma do STF anularem o habeas corpus do ministro Marco Aurélio Mello. A decisão aconteceu após Sônia de Fátima Moura, mãe de Eliza Samudio, alegar que a liberdade do jogador representava perigo à vida de Bruninho.

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Jogo jurídico

Goleiro está preso em Varginha (MG)
Goleiro está preso em Varginha (MG)

Como Fernandes e Ingrid se mudaram para Varginha desde quando ele foi contratado pelo Boa Esporte, o atleta passou a cumprir pena no presídio da cidade. No mês de agosto, ele ganhou autorização para sair do presídio diariamente para dar apoio em aulas de educação física oferecidas para crianças no Nucap. A instituição presta serviços de caráter público e é voltada para a inclusão e a ressocialização de presos. No local, as famílias dos detentos recebem assistência social.

No mesmo mês, Fábio Gama, advogado do atleta pediu à Justiça permissão para o goleiro voltar aos gramados pelo Boa Esporte. Gama explica que a solicitação inicial é apenas para ele trabalhar durante o dia e voltar para a cadeia à noite, assim como faz para trabalhar no Nucap. Segundo o advogado, o contrato com o clube mineiro está apenas suspenso. Procurada pelo R7, a direção do Boa Esporte informou que não tem nada a declarar sobre o assunto.

Outra questão do processo do jogador que está em trâmite é a progressão para o regime semiaberto. Gama solicitou o benefício e espera consegui-los ainda neste ano.

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Apesar da expectativa de Bruno passar o Natal em casa, os pedidos ainda não foram analisados e, segundo o TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais), não há previsão de quando isso vai acontecer. Essa demora se deve à sobrecarga de casos que aguardam na fila da Vara de Execuções Penais de Varginha, assim como o de Fernandes.

No mês de julho, o juiz responsável pela Vara se aposentou e até este mês ela foi comandada por um magistrado substituto que também é responsável por outra unidade na cidade. O novo juíz da Vara foi definido apenas uma semana antes do recesso de final de ano e não teve tempo de se inteirar sobre os processos.

Lembre quem são os outros envolvidos no caso Eliza Samudio:

* Estagiário do R7, sob a supervisão de Marcos Sergio Silva

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