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UE passa por grandes desafios políticos e termina 2017 fortalecida

Eleições de Macron e Merkel foram fundamentais para o futuro do bloco

Retrospectiva 2017|Marta Santos, do R7


Eleições de Macron e Merkel deram saldo positivo para a UE em 2017
Eleições de Macron e Merkel deram saldo positivo para a UE em 2017

A UE (União Europeia) passou por um ano de grandes desafios políticos, mas terminou 2017 com um saldo positivo. Com o resultado das eleições de França e Alemanha, os dois pilares do grupo, a UE conseguiu se fortalecer após o revés do Brexit e da crise dos refugiados.

Para 2018, a tendência é que o bloco tenha um período de maior estabilidade, principalmente se a chanceler alemã, Angela Merkel, conseguir formar o novo governo sem precisar convocar novas eleições, explica Demétrius Pereira, professor de política europeia das Faculdades Integradas Rio Branco.

— O saldo político, com as vitórias de Merkel e Emmanuel Macron [na França], é o que os pró-europeus esperavam. Foi um cenário mais pró-UE. Em 2018, é de se esperar que seja um ano mais estável na política europeia, só que agora a Alemanha ficou um pouco em suspense. Existe um alinhamento muito forte entre Macron e Merkel, então a vitória dela representa também uma vitória dos governos a favor da UE.

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A eleição de Macron na França não apenas fortaleceu a UE, como deu uma nova direção ao bloco, afirma Yann Duzert, professor de negociação e resolução de conflitos da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

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— A Europa ganhou uma liderança que vem mostrar uma nova forma de estabilidade. Com a situação da Merkel, de uma certa maneira, podemos dizer que a Europa mudou um pouco de liderança. Macron me parece que o novo líder. E de uma Europa moderna, rejuvenescida e com uma imagem positiva de economia limpa e sustentável. Uma mudança na visão política da Europa de repensar o território e a pátria, como democracia e mobilidade de pessoas.

Instabilidade na Alemanha

Merkel declarou que poderia convocar novas eleições, mesmo correndo o risco de perder o cargo, para evitar ter um governo instável de minoria, após o fracasso das negociações com outros partidos políticos.

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Pereira explica que o impasse político começou logo após as eleições de setembro deste ano, quando o partido conservador da chanceler, a CDU (União Democrata-Cristã), obteve 33% dos votos, não alcançando a maioria absoluta das cadeiras do Parlamento.

— Um governo de minoria significa, na prática, que as propostas que ela tem para administrar a Alemanha teriam que ser negociadas uma a uma, então o Poder Executivo ficaria um pouco refém do Legislativo. Se ela tiver maioria, ela praticamente que as suas propostas de governo serão aprovadas e transformadas em lei pelo Parlamento, e com isso ela vai ser autorizada a executar suas propostas.

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Pouco antes das eleições de setembro, o SPD (Partido Social Democrata), que teve 20,5% dos votos e com o qual Merkel governou em aliança durante dois mandatos, descartou uma nova coalisão. A chanceler tentou, então, formar um governo ao lado do o FDP (Partido Liberal Democrático) e do Partido Verde, que tiveram 10,7% e 8,9% dos votos, respectivamente.

Após a polêmica possibilidade de o país ter que passar por novas eleições, o líder do SPD, Martin Schulz, concordou em voltar a conversar com os conservadores, mas não garantiu que a formação da coalisão.

Brexit

A saída do Reino Unido da UE foi votada pelos britânicos em 2016 e, este ano, as negociações do “divórcio” avançaram pouco.

— Em relação ao Brexit, é de se esperar que as negociações vão se encaminhando para uma conclusão, que as negociações tenham sucesso para ambos os lados. As agências europeias que tem sede no Reino Unido já foram realocadas para Amsterdã e Paris, e vendo se realmente haverá essa saída, porque ainda há políticos dizendo que essa saída pode ser revertida.

Ambos os lados ainda discordam sobre o acordo financeiro, a fronteira da Irlanda e os direitos dos cidadãos, diz Duzert. Em relação à conta que o Reino Unido deverá pagar, jornais britânicos relataram que o acordo poderia totalizar cerca de 50 bilhões de euros.

— Este ano, as negociações do Brexit foram mais ameaças do que realmente acordos. A UE sabe que tem poder de barganha, porque a Europa é um mercado estratégico para a Inglaterra. Se eles começam a criar barreiras comerciais, fica muito mais caro para o Reino Unido exportar. Então, eu vejo uma liderança da Europa de exigir compensações que a premiê Theresa May não tem a capacidade de negar agora.

Com a saída do Reino Unido, a Itália se tornará a terceira maior potência do bloco. O país terá eleições gerais, previstas para março de 2018, que também serão fundamentais para definir a continuidade e o fortalecimento da UE.

Crise na Catalunha

O governo central da Espanha suspendeu a autonomia da Catalunha, após a região realizar um referendo e defender o processo de independência. Ao todo, 43% do eleitorado foi às urnas e, destes, 90% decidiram pela independência da região.

A votação foi considerada ilegal por Madri desde o início e o governo espanhol enviou militares à Catalunha para impedir que a população votasse. Os confrontos acabaram com quase 900 feridos.

O ex-presidente Carles Puigdemont deixou o país após a suspensão da autonomia catalã e buscou refúgio na Bélgica, junto com outros quatro auxiliares. A Justiça espanhola emitiu uma ordem de prisão internacional contra eles por não terem comparecido a uma audiência judicial para responder às acusações de desobediência, conspiração e uso indevido de fundos públicos.

Agora, a Catalunha terá uma eleição regional no dia 21 de dezembro. 

A Catalunha é uma das regiões mais prósperas da Espanha. Em 2016, o PIB (Produto Interno da Região) catalão foi de 223,6 bilhões de euros, o que representou 19% do PIB do país, explica Marcos Tourinho, professor de relações internacionais da FGV (Faculdade Getúlio Vargas).

— A parte de arrecadação continua a mesma porque já o governo central que controla. A versão mais recente dessa crise começou em 2010, justamente porque quando o governo catalão queria assumir mais responsabilidade na coleta de impostos. Esse é um dos temais centrais da crise, mas não mudaria por causa da intervenção. Por outro lado, quando se pensa em termos financeiros, o fator mais importante é a instabilidade: se o mercado percebe que a intervenção vai trazer instabilidade, como eu acho mais provável, isso tende a ter efeitos de curto-prazo ruins. Incerteza sempre gera efeito negativo no mercado.

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